Israel reforçou nesta terça-feira (17) o bloqueio da Faixa de Gaza em represália às pipas incendiárias lançadas nos últimos meses a partir desse território palestinos, que já causou importantes danos ao setor agrícola.
Três dias depois do pior confronto armado entre Israel e o movimento islamita Hamas desde a guerra de 2014, o Ministério da Defesa suspendeu as entregas de óleo combustível através de Kerem Shalom, o único ponto de passagem de mercadorias entre Israel e o território palestino.
Na semana passada, Israel anunciou o fechamento imediato desta passagem, o que o Hamas denunciou como um "crime contra a humanidade".
Há mais de dez anos, a Faixa de Gaza, limitada por Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo, está submetida a um bloqueio terrestre, marítimo e aéreo imposto por Israel.
O endurecimento deste bloqueio intensifica a pressão contra o Hamas e deteriora ainda mais a já muito precária situação humanitária do território palestinos, onde 80% dos dois milhões de habitantes dependem das ajudas, segundo o Banco Mundial (BM).
Rafah, a outra passagem de mercadorias entre Gaza e Egito, também foi fechada nesta terça, constatou um jornalista da AFP, sem que uma confirmação oficial fosse dada.
Essa passagem é fechada quase de forma permanente há vários anos.
- Terroristas incendiários -
Há mais de uma semana, Israel intensificou sua resposta às pipas com balões incendiários lançados de Gaza, e que já arrasaram mais de 2.600 hectares de terras israelenses.
Depois das pedras, a versão incendiária das pipas se tornou símbolo da mobilização palestina e coloca pressão sobre os dirigentes palestinos que não conseguem conter os danos causados por esses artefatos caseiros.
As pipas incendiárias começaram a ser usadas desde 30 de março, durante os protestos dos habitantes de Gaza na fronteira com Israel contra o bloqueio e para reclamar a volta dos refugiados palestinos expulsos de suas terras em 1948, depois da criação do Estado de Israel.
Desde o início das manifestações, o Exército israelense matou ao menos 144 palestinos. Não houve baixas do lado militar israelense.
Em visita na segunda-feira às localidades vizinhas da Faixa de Gaza, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recordou que seu país considera essas pipas incendiárias uma violação ao cessar-fogo acertado com o Hamas.
"Se não entendem as palavras, a mensagem será enviada pelas ações do Exército", alertou.
Seu ministro da Educação, Naftali Bennett, afirmou nesta terça que é necessário "matar os terroristas incendiários e apagar essa onda de terrorismo".
Na segunda, o Exército israelense atacou duas posições do Hamas de onde, segundo os militares, foram lançadas as pipas com balões incendiários.
"A ocupação israelense exagerou os danos causados pelas pipas e balões para justificar seus ataques contra Gaza", afirmou Sami Abu Zohri, um porta-voz do Hamas.
"A ocupação israelense brinca com fogo, se seus aviões de guerra tomarem como alvo os lançadores de pipas", advertiu.
* AFP