Quarenta e oito dias após se envolver em um grave acidente na África do Sul, o administrador Lucas Pacheco da Silva, 28 anos, finalmente voltou para casa, em Esteio, na Região Metropolitana. Apesar de ainda não conseguir caminhar, devido ao estado de saúde debilitado, e das dificuldades para falar, o gaúcho retornou ao Estado em um voo comercial, sem necessidade de acompanhamento de equipe médica.
— Ele só teve que voltar na classe executiva, porque não pode ficar muito tempo sentado, e teve de contar com a ajuda dos meus sogros, porque precisa de duas pessoas para auxiliar nos deslocamentos com a cadeira de rodas, sentar e levantar — conta a namorada de Lucas, a advogada Arianne Batisti, 28 anos – que também sofreu ferimentos no acidente, mas voltou para casa dias depois.
Arianne conta que a família tentou levar Lucas para o Complexo da Santa Casa, em Porto Alegre, mas que não havia leito disponível. Assim, os pais dele preferiram levá-lo direto para casa e aguardam um médico para fazer uma avaliação das condições de saúde de Lucas.
— Ele está bem, está feliz que voltou para casa. Ainda está bem fraquinho e não voltou ao normal, mas acho que agora a recuperação vai ser mais rápida, por estar perto de todo mundo. Ao menos foi assim comigo — afirma Arianne.
Por conta da traqueostomia pela qual passou, Lucas ainda tem dificuldades de comunicação, mas já consegue falar pausadamente. Conforme a namorada, ele terá de fazer fisioterapia, para recuperar os movimentos das pernas e também do rosto, já que ficou muito tempo sem falar na UTI.
— Ele perdeu um pouco das expressões, dá para ver que ainda está longe de ser o mesmo. Mas agora é tempo, somente tempo para se recuperar — conclui a advogada.
Arianne continua se recuperando das fraturas que sofreu – duas no braço esquerdo e uma na coluna. Ela segue em casa após receber alta do hospital, no dia 27 de junho.
Vaquinha virtual
Lucas passou pouco mais de um mês na UTI de um hospital da África do Sul, que custou em torno de US$ 6 mil por dia (cerca de R$ 22 mil), e mais alguns dias internado em um quarto, com valor um pouco mais baixo, sem contar os procedimentos cirúrgicos pelos quis teve de passar.
O total gasto ainda está sendo calculado. O certo é que a família ainda não tem dinheiro suficiente para pagar tudo.
O seguro de viagem do casal cobria no máximo US$ 40 mil (em torno de R$ 150 mil). Quanto ao valor da passagem aérea, o pedido de reembolso por repatriação ainda está em análise pela seguradora.
Por isso, a vaquinha virtual criada com a intenção de ajudar nos custeios médicos de Lucas segue aberta. A meta é de arrecadar R$ 200 mil, dos quais quase 59% já haviam sido reunidos até esta quinta-feira (19).
O acidente
Arianne e Lucas começaram a planejar a visita à África do Sul há mais de um ano, quando definiram o período de férias. Entre os planos do casal, estava o de conhecer Jeffrey's Bay, praia famosa por condições propícias para o surfe, e o Kruger Park, parque de safári mais famoso do país africano. O roteiro do casal na África do Sul começou no dia 19 de maio e deveria durar 15 dias.
No entanto, no dia 1º de junho, a viagem acabou sendo interrompida após o carro que conduziam se envolver em um acidente com mais de 20 veículos. Segundo Arianne, Lucas teria conseguido parar o veículo antes do foco de um congestionamento, mas acabou sendo atingido por outro que vinha atrás.
Arianne acordou em um hospital público do país, com o braço esquerdo quebrado em duas partes e uma fratura na vértebra C1 da coluna cervical. Lucas quebrou o braço direito, teve o pulmão perfurado por uma costela quebrada e sofreu um traumatismo craniano.