Quando uma viagem é planejada, o turista raramente pensa em problemas que pode ter ao longo do passeio. Afinal, organizar-se para subir na Torre Eiffel é muito mais interessante do que cogitar um acidente de carro. Mas o imponderável pode acontecer, e, para estar preparado, a recomendação de especialistas da área é contar sempre com um seguro viagem.
Esse foi o caso dos turistas gaúchos Lucas Pacheco da Silva e Arianne Batisti, ambos de 28 anos. Eles sofreram um acidente de carro em 1º de junho, nas férias que passavam na África do Sul. Arianne precisou passar por cirurgias, e Lucas está em coma induzido.
— A gente tinha um seguro saúde, mas o valor para questões médicas era de no máximo US$ 40 mil (em torno de R$ 150 mil). Isso já foi usado, e agora a família está arcando com os custos. Os pais dele estão na África do Sul, mas a situação é muito difícil — explicou Arianne.
O valor de cobertura das apólices é variável e, por isso, é recomendado avaliar as especificidades do contrato detalhadamente. Atualmente, os seguros oferecem, além da cobertura para questões de saúde, auxílio em diversas áreas, como perda ou extravio de bagagens e assistência jurídica, explicou o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (Abav/RS), João Machado, em entrevista a GaúchaZH:
— Mesmo para países em que o seguro viagem não é obrigatório, é de extrema importância viajar com um, já que a assistência médica fora do país costuma ser cara, e é bastante comum as pessoas apresentarem alguns problemas de saúde em viagens ao Exterior, como gripes devido às mudanças de temperatura e problemas intestinais pelos diferentes temperos, entre outros. Além disso, minha recomendação é contratar o serviço o mais próximo da compra das passagens, já que muitos deles cobrem também cancelamento da viagem, caso a pessoa desista de viajar antes do embarque.
Há inúmeras opções de seguradoras e planos, que vão desde a cobertura de esportes radicais aos planos-família, oferecendo auxílios tanto para adultos quanto crianças. A primeira questão que o viajante deve ficar atento, alertou Claudia Almeida, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), é o tipo de contrato que está adquirindo. Conceitualmente, existe uma diferença entre seguro viagem — que se refere ao serviço no qual a operadora reembolsa despesas que o viajante tiver e que estejam previstas na apólice —, e assistência viagem — que fornece uma rede conveniada para que o viajante utilize dos serviços oferecidos no contrato sem precisar desembolsar o valor. Mas, na prática, isso varia conforme o tipo de contrato assinado.
Com valores que vão desde algumas dezenas até milhares de dólares, os seguros devem ser escolhidos de acordo com as necessidades específicas de cada turista. Veja abaixo o que você precisa saber antes de contratar o serviço.
O que é preciso para adquirir
- Preencher dados cadastrais.
- Saber para qual continente e país será a viagem.
- Ter definido os dias da viagem.
- Saber a idade de quem vai viajar. Passageiros até 70 anos pagam um valor mais em conta do que passageiros acima de 71 anos.
Itens que são cobertos
A cobertura varia conforme o plano contratado, mas os itens básicos que deve contemplar são as assistências médica e odontológica, perda ou extravio de malas e custeio de traslados em caso de acidente ou morte. Alguns serviços oferecem ainda reembolso em caso de cancelamento prévio da viagem e coberturas para doenças pré-existentes.
Quem oferece o serviço
O seguro viagem pode ser contratado com um corretor, em agências de viagem ou diretamente com as seguradoras pela internet, sendo que os preços variam de acordo com o tipo de cobertura e a idade do contratante. Conforme o Idec, muitas operadoras e agências de viagem costumam oferecer planos já incluídos em seus pacotes, então é preciso ficar de olho para não contratar o serviço duas vezes.
Além disso, cartões de crédito com as bandeiras internacionais Visa, MasterCard, American Express e Diners oferecem o seguro-saúde. Para adquirir o serviço, o cliente deve ligar à operadora e fazer a solicitação. A cobertura e os serviços oferecidos variam de acordo com a categoria do cartão, do básico ao premium. Normalmente, os planos básicos são gratuitos.
Como escolher
São vários os itens que o passageiro deve levar em conta. O primeiro deles é a obrigatoriedade ou não do plano, dependendo do país que irá viajar. Antes de contratar o seguro, é preciso analisar como será a viagem e qual plano atende às necessidades dos turistas. Há produtos personalizados para vários perfis: gestantes, idosos, estudantes de intercâmbio, praticantes de esportes radicais ou amadores e exclusivos para esportes de neve. Há planos individuais e familiares - que se estendem ao cônjuge e aos filhos - e para viagens nacionais e internacionais.
Quando é obrigatório
Os 27 países europeus que integram o Tratado de Schengen exigem que o turista tenha um seguro viagem com cobertura mínima de 30 mil euros. São eles: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Irlanda, Islândia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia, Suécia e Suíça. Para viajar a Cuba, também é obrigatório ter seguro viagem, que pode ser comprado antes de embarcar ou no próprio aeroporto.
Como utilizar
- Caso seja necessário utilizar o seguro, o turista deve estar ciente do tipo de serviço que contratou. Normalmente, as empresas dispõem um número de telefone, ao qual o viajante pode ligar a cobrar, para solicitar qualquer tipo de assistência que esteja na apólice.
- O viajante liga, explica a situação em que se encontra, e o seguro providencia o que for necessário, seja consulta médica, internação ou outros. É possível ainda que a seguradora envie um médico para onde a pessoa está. Já em casos de emergência, no qual a pessoa é levada ao hospital por um terceiro, deve ligar para a seguradora quando estiver em condições, e a mesma irá assumir todas questões burocráticas, explica João Machado, presidente da Abav/RS.
- Há casos em que o contrato especifica que as despesas devem ser pagas pelo viajante, e depois são reembolsadas pela operadora, mediante a presença de comprovantes, ou conforme o que estiver estabelecido na apólice.
Dicas
- Durante a viagem, é indicado carregar sempre o telefone da central de atendimento, para o caso de uma eventual emergência.
- Dê preferência a um seguro viagem com atendimento 24 horas e falado em português.
- Muitos seguros não cobrem tratamentos ou despesas com doenças pré-existentes. Se esse for o caso, verifique as regras e a possibilidade de contar com essa cobertura.
- Caso for alugar um carro na viagem, é importante também se informar sobre o seguro do veículo e sua cobertura para danos a terceiros, que não estão incluídos nos seguros de viagem.
- Se você esqueceu de fazer o seguro antes de partir, ele ainda pode ser contratado durante a viagem. Basta solicitá-lo direto com o agente de viagem ou pela internet.