Às vésperas de uma reunião de cúpula europeia sobre a crise migratória, 769 imigrantes irregulares foram resgatados neste sábado na costa da Espanha. De acordo com o Comando de Salvamento Marítimo do país, 298 imigrantes foram resgatados na área do Estreito de Gibraltar, 342 entre o sul da Espanha e o norte do Marrocos e mais 129 na ilha de Gran Canaria, no Oceano Atlântico.
Há seis dias, o navio Aquarius, rejeitado por Itália e Malta, foi resgatado com mais de 600 migrantes. Participaram da operação o dispositivo europeu Frontex de vigilância de fronteiras, e os resgatados desembarcaram nos portos Tarifa, Barbate e Algeciras, na província de Andaluzia.
Os resgatados eram, em grande maioria, de países africanos, embora também houvesse asiáticos, informou à AFP um porta-voz do Salvamento Marítimo. Entre eles havia menores, mulheres e bebês.
O caso Aquarius sacudiu diplomaticamente a Europa em relação à questão migratória. A Itália tem um novo governo cujo ministro do Interior, Matteo Salvini, de extrema-direita, insiste em que os demais países da União Europeia devem cumprir seus compromissos de não acolher imigrantes.
A fim de coordenar os esforços sobre este assunto e evitar novos transtornos, uma minirreunião de cúpula em Bruxelas foi convocada com urgência para o domingo, na qual 16 países devem participar. Entre eles estão Itália, França, Alemanha, Áustria, Grécia, Malta e Espanha, com o seu novo primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, que tomou a iniciativa de acolher os imigrantes do Aquarius.
Para preparar a reunião, Sánchez reuniu-se neste sábado (23) em Paris com o presidente francês, Emmanuel Macron, em sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo, em 2 de junho. Juntamente com Sánchez, Macron anunciou que propôs criar "centros fechados" em solo europeu onde "examinar rapidamente a situação" dos migrantes que chegarem, para saber quais podem "ter direito ao asilo" na Europa e quais estarão sujeitos a serem devolvidos a seu país de origem.
Atualmente, a Espanha é a terceira porta de entrada para imigrantes ilegais por via marítima na União Europeia. A primeira entrada continua sendo a Itália e a segunda, a Grécia, com uma pequena vantagem sobre a Espanha.
De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) sobre o Mar Mediterrâneo, até agora este ano o número global de chegadas à UE caiu pela metade em comparação com o mesmo período de 2017. Na Itália o fluxo caiu consideravelmente, porém, a chegada de imigrantes triplicou na Espanha, onde 12.155 pessoas em situação irregular chegaram entre 1º de janeiro e 20 de junho.
No mesmo período, um total de 292 imigrantes morreram em sua tentativa de alcançar a costa espanhola. O total no Mediterrâneo até 20 de junho foi de 960 mortos, menos da metade do registrado no mesmo período do ano passado (2.133).