China, União Europeia, México, Canadá, Japão: veja a seguir um panorama das frentes comerciais abertas pela Casa Branca.
- China -
Donald Trump pediu na segunda-feira à sua administração para identificar 200 bilhões de dólares de bens chineses para aplicar taxas adicionais de 10%.
Trata-se de uma resposta do presidente americano às represálias "inaceitáveis" de Pequim, depois que Trump anunciou na sexta-feira tarifas de 25% sobre bens importados da China por 50 bilhões de dólares, para compensar o suposto roubo de propriedade intelectual e tecnologia por parte de Pequim.
O governo chinês respondeu anunciando represálias equivalentes contra produtos americanos e chamou os demais países afetados a realizar uma "ação coletiva".
Os Estados Unidos já haviam imposto unilateralmente tarifas de 25% sobre as importações de aço e de 10% sobre as de alumínio provenientes de qualquer país, o que afeta a China.
O governo de Trump busca reduzir em 200 bilhões de dólares seu déficit comercial com Pequim, atualmente de 375 bilhões de dólares.
- União Europeia -
Em retaliação às tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre aço e alumínio, a União Europeia (UE) adotou represálias "por unanimidade" na última quinta-feira contra dezenas de produtos americanos, incluindo tabaco, uísque bourbon, jeans e motocicletas.
As medidas europeias de resposta sobre os produtos da lista buscam compensar em 2,8 bilhões de euros os prejuízos que os impostos americanos causarão a sua indústria.
Posteriormente, a UE poderia aplicar tarifas sobre outros produtos americanos, no valor de 3,6 bilhões de euros, caso vença a disputa que enfrenta os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Além disso, a UE está preocupada com as taxas que os Estados Unidos consideram aplicar aos carros importados. Essas tarifas, que podem chegar a 25%, atingiriam duramente exportadores como a Alemanha.
- Canadá e México -
Trump advertiu que as críticas recorrentes do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que considera as tarifas americanas sobre aço e alumínio "insultantes", custaria "caro" ao Canadá.
O Canadá anunciou medidas comerciais de retaliação para julho.
As negociações entre Estados Unidos, México e Canadá para modernizar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), em vigor desde 1994, estão incertas.
A indústria automotiva está no centro das discussões. O governo Trump quer que os veículos fabricados no México ou no Canadá sejam compostos principalmente por peças fabricadas nos Estados Unidos.
Também quer uma "cláusula crepuscular", que forçaria o acordo a ser renegociado a cada cinco anos, uma proposta que encontrou forte resistência dos representantes de México e Canadá.
Após o anúncio de Washington sobre o aço e alumínio, o México decidiu impor tarifas equivalentes "sobre vários produtos" importados dos Estados Unidos, incluindo aços, frutas e queijos.
- Rússia -
Também afetada pelas tarifas do aço, a Rússia informou à OMC que considera tomar medidas em represália. Moscou diz que esses taxas americanas lhe custam 538 milhões de dólares.
As relações comerciais entre os dois países também estão marcadas por sanções impostas por Washington contra várias personalidades e entidades, acusadas de participar dos "ataques" de Moscou contra as "democracias ocidentais".
- Irã -
Os Estados Unidos anunciaram no início de maio a sua saída do acordo nuclear iraniano assinado no governo de Barack Obama, e decidiram restabelecer suas sanções contra Teerã e todas as empresas ligadas à República Islâmica.
Os americanos deram às empresas um prazo de 90 a 180 dias para se retirarem do Irã. A primeira etapa do restabelecimento das sanções, marcada para 6 de agosto, incluirá o setor de aeronáutica civil e automotivo. Em 4 de novembro, os setores de energia e financeiro serão adicionados.
O grupo francês Total anunciou que abandonará um grande projeto de gás iniciado em julho de 2017 no Irã, a menos que obtenha uma derrogação da disposição das autoridades americanas. A construtora PSA já anunciou sua saída do Irã.
- Japão -
Afetado desde março pelas tarifas do aço, o Japão informou à OMC sua disposição aplicar em retaliação tarifas sobre mercadorias americanas de 50 bilhões de ienes (385 milhões de euros).
A principal preocupação do Japão se deve às taxas que os Estados Unidos podem impor aos carros importados. Essas medidas "causariam sérias turbulências nos mercados internacionais", advertiu Tóquio em comunicado conjunto com Bruxelas.
- Coreia do Sul -
A Casa Branca anunciou em 1º de maio ter renegociado seu acordo de livre-comércio com Seul, encerrando assim um conflito com a Coreia do Sul.
Com esse acordo, Seul concorda em abrir mais seu mercado aos carros americanos e promete reduzir suas vendas de aço para os Estados Unidos em 30%.
* AFP