Milhares de armênios protestavam nesta terça-feira em Erevan em apoio ao deputado e líder das manifestações Nikol Pachinian, que ameaçou o partido no poder com um "tsunami político" se não for eleito primeiro-ministro pelo Parlamento reunido em sessão extraordinária.
Pachinian, de 42 anos, o único candidato na disputa, acusa o Partido Republicano, que tem 58 dos 105 assentos no Parlamento, de querer impedir sua eleição.
"Quero avisar estes senhores [do Partido Republicano] que não se enganem, a tolerância do povo não é fraqueza e pode levar a um verdadeiro tsunami político", disse ele aos deputados, logo após a abertura da sessão parlamentar.
"Peço a todos que saiam às ruas, porque querem roubar a vitória do povo", afirmou Pachinian, que já havia acusado em uma mensagem anterior o partido no poder de querer "descarrilar" a sua eleição.
Pachinian, que conta com o apoio de três das quatro formações do Parlamento, precisa de um total de 53 votos para ser eleito. É por isso que ele precisa dos votos dos desertores do Partido Republicano.
Até agora, os representantes do partido no poder, que se reuniram com Pachinian, disseram que não querem apresentar nenhum candidato rival e que não se opõem a sua eleição.
Mas o tom mudou nesta terça-feira. "Após a reunião insatisfatória de ontem [com o opositor] estou convencido de que Pachinian não pode ser primeiro-ministro", disse Eduard Charmazanov, porta-voz do Partido Republicano e vice-presidente do Parlamento, citado pela agência de notícias russa Interfax.
Desde 13 de abril, a Armênia está imersa em uma crise política sem precedentes. Em 23 de abril, milhares de opositores exigiram a renúncia de Serge Sarkissian, que havia sido eleito primeiro-ministro seis dias antes pelos deputados, depois de ter exercido o cargo de chefe de Estado por dez anos.
Pachinian, um ex-jornalista, é o principal opositor a Serge Sarkissian e seu Partido Republicano.
No domingo e segunda-feira à noite, milhares de pessoas se reuniram novamente na Praça da República, no centro de Erevan, para apoiá-lo.
"Eu olho nos seus olhos e digo: sim, estou preparado, com um profundo senso de responsabilidade, para assumir o papel de primeiro-ministro", disse Pachini à multidão no domingo, prometendo "a vitória da revolução de veludo".
Se eleito nesta terça-feira, Pachinian promete formar um governo dentro de duas semanas e apresentar seu programa dentro de vinte dias. Também garante que eleições legislativas serão organizadas.
Muitos armênios ainda se lembram da morte de dez manifestantes em 2008 em confrontos entre partidários de Pachinian e a polícia, quando Serge Sarkissian venceu seu primeiro mandato presidencial.
Os partidários de Pachinian acusam Sarkissian, de 63 anos, presidente da Armênia entre 2008 e 2018, e seu Partido Republicano, de não conseguir reduzir a pobreza e a corrupção neste país de 2,9 milhões de habitantes, onde os oligarcas continuam controlando a economia.
Depois de ter mantido distância, a Rússia agora parece querer mediar o conflito e na última quinta-feira o presidente russo, Vladimir Putin, telefonou ao primeiro-ministro interino, Karen Karapetian. Também houve contatos entre as autoridades russas e representantes do poder e de Nikol Pachinian.
* AFP