Homem forte do Azerbaijão há 15 anos, Ilham Aliyev foi reeleito nesta quarta-feira para um quarto mandato com 86% dos votos em eleições boicotadas pela oposição e que, segundo observadores, foram marcadas por graves irregularidades.
Com esta vitória, o político permanecerá no cargo até pelo menos 2025.
A vitória de Alyev na eleição de quarta-feira era considerada inevitável, já que a oprimida oposição não tinha como apresentar um desafio sério a um governo autoritário e impulsionado por uma constante afluência de petrodólares.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi o primeiro líder estrangeiro a felicitar Aliyev. O presidente russo, Vladimir Putin, também saudou sua "vitória decisiva".
Mas a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) afirmou que seus oobservadores assinalaram "uma indiferença generalizada pelos procedimentos obrigatórios, falta de transparência e inúmeras irregularidades graves".
Alyev, 56 anos, foi eleito pela primeira vez em 2003, após a morte de seu pai Geidar Aliev, um ex-oficial da KGB local que governou o Azerbaijão de 1969, no período soviética, até seu falecimento.
A taxa de participação definitiva foi de 74,5%, segundo a Comissão Central Eleitoral, apesar de organizações de defesa dos direitos humanos e líderes da oposição terem expressado dúvidas quanto a esses números.
A reeleição foi garantida porque os principais partidos de oposição se negaram a participar de eleições que consideram não democráticas e manipuladas pelo governo.
Os partidos opositores denunciaram a decisão de Ilham Aliyev de antecipar a eleição em seis meses, o que consideraram uma manobra para encurtar a campanha e manipular o resultado.
"Em todas as eleições anteriores aconteceram fraudes e violações da lei eleitoral. Nesta acontecerá o mesmo", denunciou o líder do movimento opositor Natif Jafarli.
O Partido Novo Azerbaijão (YAP) nega as acusações e prometeu uma votação transparente.
Os outros sete candidatos na disputa são desconhecidos e alguns, inclusive, pediram votos para o atual presidente.
São "candidatos marionetes" escolhidos pelas autoridades para dar a impressão de disputa em uma eleição com resultado decidido de antemão, denunciou a oposição.
A oposição e os ativistas dos direitos humanos criticam Aliyev, mas seus partidários o elogiam por ter transformado e modernizado o país graças à receita dos combustíveis. O Azerbaijão é um importante fornecedor de gás para a Europa.
Aliyev rejeita as acusações de autoritarismo e de enriquecimento de sua família, que administra vários setores da economia.
Eleito em 2003, Ilham Aliyev foi reeleito em 2008 e 2013, sempre com índices elevados de votos: 75,38%, 87,34% e 84,54% respectivamente.
Em 2009, Aliyev conseguiu aprovar em um referendo uma mudança constitucional que permite a reeleição presidencial por um número ilimitado de mandatos.
Em 2016, um novo referendo ampliou a duração do mandato presidencial de cinco para sete anos.
O Conselho da Europa criticou as reformas que provocam "uma grande mudança no equilíbrio de poderes" e concedem ao presidente prerrogativas "sem precedentes".
Ilham Aliyev também é acusado de nepotismo. Sua esposa, Mehriban Aliyev, foi nomeada primeira vice-presidente em fevereiro de 2017 e seu filho, Geidar, é apontado como seu provável sucessor quando Aliyev decidir abandonar o poder.
* AFP