A família Diniz vive um drama desde a semana passada. Natural de Ijuí, Jonatan Moisés Diniz, 31 anos, tornou-se mais um preso político na Venezuela. Ele foi detido sob a acusação de terrorismo e de promover atividades contra o governo de Nicolás Maduro. A família de Jonatan diz que ele estava apenas ajudando crianças pobres. Jonatan, é filho de Luiz Francisco Diniz, 66 anos, oficial escrevente aposentado do Fórum de Caxias do Sul e, atualmente, morador de São Marcos.
Jonatan mora na Califórnia, nos Estados Unidos, mas viajou pelo menos quatro vezes para a Venezuela nos últimos dois anos. Em suas contas pessoais no Facebook e no Instagram, há dezenas de fotos dele distribuindo roupas e alimentos e promovendo campanhas para arrecadar dinheiro.
O brasileiro morava em Los Angeles havia ao menos quatro anos. Ele chegou a viver em Caracas, a capital venezuelana, por dois meses no início de 2017, quando se envolveu mais profundamente com a crise na Venezuela. A partir de então, se engajou nas causas sociais no país.
Em vários posts, ele pede para os venezuelanos "se levantarem contra o filho da... do Maduro". Ao menos duas vezes, em 2017, ele esteve na Venezuela, em Caracas, para participar de distribuição de alimentos, brinquedos e roupas em zonas carentes da capital. Em vídeos publicados em sua conta no Instagram, ele aparece filmando colegas e afagando a cabeça de crianças. Em outra foto, ele leva um grupo de 15 moradores de rua para jantar em um restaurante.
Em novembro, Diniz começou a divulgar e pedir doações para a ONG Time to Change the World, um grupo que não tem site e cujas contas nas redes sociais têm menos de dois meses. Em uma postagem daquele mês, o jovem escreveu que a Time to Change the World era "uma ONG que conectava todas as ONGs do mundo, espalhando comida, remédios, brinquedos e uma nova e saudável filosofia". Ele pedia doações para poder ajudar o Natal de 600 famílias venezuelanas.
Jonatan foi preso durante uma ação de distribuição de comida e de roupas. As denúncias foram feitas na noite de quarta-feira por Diosdado Cabello – figura forte do Chavismo – em seu programa semanal de tevê.
Cabello sugeriu que a CIA estaria envolvida nas supostas atividades do brasileiro contra o Chavismo. Segundo ele, a ONG que o brasileiro lidera entrega alimentos e itens básicos a moradores de rua para obter financiamento para grupos que o governo venezuelano classifica como terroristas.
"Nós estamos desesperados"
Em um breve contato por um aplicativo de conversa na tarde de quinta-feira, Luiz Francisco Diniz, pai do brasileiro preso na Venezuela, disse que está acompanhando o caso em Balneário Camboriú, Santa Catarina, com a mãe dele, Renata, e o outro filho, Juliano.
Luiz Francisco contou que sempre que possível estava junto dos filhos e, mesmo com a mudança de Jonatan para a Califórnia, as conversas aconteciam por telefone ou WhatsApp.
O pai resumiu o drama que a família está vivendo com a prisão do filho e a falta de informações.
– Estamos desesperados. Uma semana sem notícias. Desculpa... (estou) sem condições (de continuar a conversa) – desabafou Luiz Francisco.
Itamaraty acompanha o caso
Segundo a família de Jonatan Moisés Diniz, o Itamaraty pediu para que eles fossem discretos e não comentassem mais sobre o caso com a imprensa.
Em nota enviada ao Pioneiro, a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores transmitiu manifestação oficial da pasta: "O Consulado do Brasil em Caracas acompanha o caso de Jonatan Diniz e está em contato com as autoridades venezuelanas e com a família para prestar a assistência consular cabível. Em função da Lei de Acesso à Informação e em respeito à privacidade do brasileiro, esta assessoria não está autorizada a prestar informações pessoais sobre o caso."
A prisão de Jonatan deve aprofundar a crise diplomática entre Brasil e Venezuela. No dia 23 de dezembro, o presidente Nicolás Maduro expulsou o embaixador brasileiro Ruy Pereira. Em resposta, o governo brasileiro também expulsou o representante venezuelano em Brasília.