Dois palestinos morreram neste sábado em um ataque aéreo israelense em represália aos disparos de foguete a partir da Faixa de Gaza, um dia depois da advertência da ONU contra uma "escalada violenta" após a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Na sexta-feira, durante o chamado "dia da ira" em Jerusalém, Cisjordânia ocupada e Gaza, milhares de palestinos enfrentaram soldados e policiais israelenses. Os confrontos deixaram dois mortos e dezenas de feridos.
Em um comunicado, o exército israelense informou que bombardeou várias vezes durante a madrugada de sábado alvos "militares" na Faixa de Gaza em represália aos foguetes lançados na sexta-feira a partir deste território.
Os foguetes disparados contra o território israelense não deixaram vítimas. Alguns foram interceptados e um deles caiu na cidade de Sderot (sul de Israel).
"Em resposta aos disparos de foguetes contra o sul de Israel na sexta-feira, a aviação apontou contra quatro estruturas da organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza", afirma a nota.
Os alvos eram duas fábricas de armas, um depósito de armas e um complexo militar, segundo o exército.
Uma fonte do Hamas afirmou que dois palestinos de 28 e 30 anos morreram neste sábado em um ataque contra uma base do braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedin al Qasam, em Nuseirat.
Na sexta-feira, os ataques aéreos israelenses contra alvos do Hamas deixaram 14 feridos, incluindo mulheres e crianças, segundo o serviço de emergência do movimento islamita.
- Pedras na Cisjordânia -
Na Cisjordânia, território palestino ocupado pelo exército israelense há 50 anos, manifestantes voltaram a enfrentar na manhã de sábado os soldados israelenses em Belém. Jovens palestinos atiraram pedras contra os militares, que responderam com gás lacrimogêneo.
A situação é uma consequência da decisão unilateral do presidente americano Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, o que também provocou várias manifestações em diversos países muçulmanos, assim como duras críticas da comunidade internacional.
Jerusalém e a Esplanada das Mesquitas, terceiro local sagrado do islã, também venerado pelos judeus como o Monte do Templo, cristalizam as tensões entre israelenses e palestinos.
Israel ampliou seu controle à parte leste de Jerusalém em 1967 e a anexou para proclamar depois toda a cidade como sua capital, o que a comunidade internacional nunca reconhece.
Os palestinos desejam fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado que aspiram.
Em solidariedade com os palestinos, dezenas de milhares de pessoas protestaram em vários países contra a iniciativa de Trump, aplaudida, no entanto, pela classe política israelense.
A mobilização árabe, que até o momento não é tão grande, alimenta o temor de que Trump pode ter provocado a abertura da caixa de Pandora.
A ONU está "muito preocupada com os riscos de uma escalada de violência" na região, afirmou o coordenador especial da ONU para a paz no Oriente Médio, Nikolai Mladenov.
A decisão de Trump "não favorece a perspectiva de paz na região e não está de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança", afirmaram os embaixadores da França, Reino Unido, Itália, Suécia e Alemanha na ONU.
Trump e seu governo "continuam comprometidos com o processo de paz" no Oriente Médio, respondeu a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, que rejeitou "os sermões e as lições" e reivindicou seu país como o único mediador possível no conflito.
"Compreendo que as mudanças são difíceis", mas "nossas ações buscam fazer avançar a causa da paz", disse.
Os Estados Unidos não tomaram "posições sobre os limites, ou as fronteiras" em disputa e o "status quo se mantém para os lugares sagrados", assegurou a diplomata.
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* AFP