Os líderes das principais economias mundiais se reunirão em Hamburgo, entre a sexta-feira (7) e o sábado (8), para a cúpula anual do G20. A reunião ocorrerá sob a tensão das novas políticas implementadas pelos Estados Unidos após a posse de Donald Trump, e marcará o primeiro encontro entre o republicano e o colega russo, Vladimir Putin.
Manifestantes prometem fazer protestos contra o G20 perto do local da reunião. Os organizadores esperam mais de 100 mil ativistas, enquanto a polícia estima entre 7 mil e 8 mil o número de militantes. Nesta quarta-feira (5), pessoas pintadas com argila fizeram um protesto artístico intitulado de "1000 Figuras", em Hamburgo.
A polícia mobilizou mais de 20 mil agentes, e teme uma manifestação na quinta-feira (5), cujo lema é "Welcome to hell" ("Bem-vindo ao inferno").
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A reunião das potências mundiais deverá concentrar os debates sobre temas como o clima e o comércio. O disparo de um míssil intercontinental pela Coreia do Norte e as tensões entre os Estados Unidos e a China, além disso, somam-se a uma longa lista de assuntos sensíveis.
– Espero que sejamos capazes de vencer alguns obstáculos, mesmo sem saber qual será o resultado final – afirmou, nesta quarta-feira, a anfitriã Angela Merkel, após um encontro como presidente chinês Xi Jinping.
O presidente da China está em Berlim para celebrar o empréstimo de dois pandas ao zoológico da capital alemã e para supervisionar um contrato de venda de Airbus por US$ 22,8 bilhões.
O G20 deverá ter a presença dos líderes de África do Sul, Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Brasil, Alemanha, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido e União Europeia. Também haverá a presença de representares de órgãos como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o secretário-geral da ONU, além de países convidados.
Divergências
Depois da posse de Trump, os Estados Unidos se retiraram do Acordo de Paris para a luta contra o aquecimento global. O país também vem ameaçando com medidas protecionistas e com postura mais firma na questão migratória.
O governo alemão defende a manutenção do Acordo de Paris. Conforme Merkel, "a administração americana tem uma concepção sobre a globalização diferente da Alemanha", porque os Estados Unidos a veem "como um processo com vencedores e perdedores".
Sobre o comércio, os americanos ameaçaram adotar taxas de importação contra a China e a Alemanha.
Além dos assuntos tradicionais do G20, os trabalhos da cúpula – sem o rei da Arábia Saudita, que recusou a participação – correm o risco de serem obscurecidos pelas crises mundiais – a começar pelo programa nuclear norte-coreano, que ganhou mais um capítulo com o disparo no dia anterior de um míssil intercontinental.
Uma mini-cúpula entre os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul está prevista para quinta-feira (6) em Hamburgo, na véspera do G20.
Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping estarão na mesma mesa durante o G20. Enquanto Washington critica Pequim por não pressionar Pyongyang o suficiente, a China, por sua vez, pede em contrapartida o fim dos exercícios militares dos Estados Unidos com a Coreia do Sul.
Trump e Putin
O G20 também será marcado pelo primeiro encontro entre Donald Trump e o presidente russo Vladimir Putin.
O general H.R. McMaster, conselheiro de Segurança Nacional, havia enfatizado que Donald Trump desejava uma relação "mais construtiva" com a Rússia. No entanto, as relações entre os dois países se deterioraram ainda mais após o fortalecimento das sanções de Washington contra Moscou pelo papel russo na crise ucraniana e pelo apoio de Putin ao regime sírio.
Além disso, o encontro vai acontecer em meio à polêmica nos Estados Unidos sobre a influência russa nas eleições norte-americanas e sobre pessoas próximas a Trump.