A cúpula do G20 que acontece em Hamburgo na sexta-feira (7) e no sábado (8) será, provavelmente, uma das mais conflituosas desde 2008, quando o fórum foi criado. O encontro reúne as principais economias industrializadas e emergentes do mundo.
Confira abaixo os principais pontos de discórdia:
Tensões bilaterais
Hamburgo será palco da primeira reunião entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin destinada a normalizar as relações entre Washington e Moscou, em baixa por conta da crise na Ucrânia, da guerra na Síria e das acusações de ingerência russa na campanha eleitoral norte-americana de 2016.
Também se anuncia como tenso o encontro entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping. Washington acusa a China de não fazer o suficiente para controlar a Coreia do Norte, em especial depois do mais recente lançamento de um míssil intercontinental por parte de Pyongyang, na terça-feira (4).
Em paralelo, nesta semana, a China denunciou "fatores negativos" em sua relação com os Estados Unidos, após a passagem de um navio de guerra americano pelo mar da China.
Alemanha e Turquia também não estão em seu melhor momento, desde a tentativa de golpe de Estado, em julho de 2016, contra o presidente Recep Tayyip Erdogan. Na semana passada, Berlim voltou a irritar Ancara, ao rejeitar um pedido de Erdogan para discursar aos turcos da Alemanha durante a cúpula.
Clima
Nas últimas semanas, a chanceler alemã, Angela Merkel, multiplicou as declarações pessimistas sobre as possibilidades de alcançar uma posição comum sobre o clima, principalmente desde que os Estados Unidos anunciaram a decisão de sair do Acordo de Paris.
Antes da decisão, anunciada em 1º de junho pelo presidente Trump, a Alemanha trabalhava em um "plano de ação" para implementar o acordo firmado em 2015, na capital francesa. O pacto tem como objetivo limitar o aumento médio da temperatura mundial para menos de 2ºC em relação à era pré-industrial.
Segundo a página especializada Climate Home, o documento foi profundamente modificado, a ponto de incluir energias fósseis entre aquelas consideradas "limpas" e de retirar o compromisso de deixar de subvencioná-las antes de 2025.
Comércio mundial
Em relação ao comércio mundial, os Estados Unidos têm enviado sinais contraditórios. Por um lado, no último G7, realizado na Itália, Washington aceitou uma declaração de apoio ao livre-comércio, contrariando a linha protecionista defendida por Donald Trump.
Por outro, no entanto, em uma reunião da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em junho, em Paris, os Estados Unidos pareceram pouco favoráveis ao comércio. Além disso, Trump continuou a criticar a Alemanha pelo déficit comercial excessivo.
No G20, a Casa Branca também pretende colocar sobre a mesa a questão da produção mundial de aço para proteger a indústria siderúrgica nacional.
Do lado europeu, o bloco negocia um ambicioso acordo comercial com o Japão, visto como uma resposta ao protecionismo americano. O texto deverá ser levado para discussão e aprovação dos respectivos dirigentes em uma cúpula bilateral na quinta-feira (6), em Bruxelas – relatou a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmstrom, após reunião com o ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio Kishida, nesta quarta.
Manifestações
Os organizadores do G20 antecipam a presença de mais de 100 mil manifestantes na cidade – sobretudo na quinta e no sábado – e temem que haja confrontos entre a polícia e as cerca de 7 mil a 8 mil pessoas consideradas extremistas pelas autoridades locais.
Cerca de 20 mil policiais foram mobilizados para manter a segurança durante o evento. Na segunda-feira (3), os manifestantes anti-G20 ameaçaram ocupar praças e parques de Hamburgo, se não forem autorizados a se instalarem em outro parque, escolhido previamente por esses ativistas.