Astérix e Obélix, os célebres gauleses que surgiram no mundo dos quadrinhos em 1959, estão de volta para uma nova aventura que os fará descobrir o outro lado dos "povos itálicos".
Os protagonistas da série de aventuras mais vendida no mundo, com 370 milhões de exemplares, que até agora só tinham estado em Roma, conhecem na sua nova história (a 37ª) uma Itália antiga sob o título "Astérix e a Transitálica", cujo lançamento mundial está previsto para 19 de outubro.
"Com a batalha interminável entre os gauleses e os romanos, a ideia de Astérix vindo para a Itália sempre esteve lá, debaixo do meu nariz", disse à AFP o roteirista Jean-Yves Ferri, que participa em Bolonha (centro da Itália) da inauguração da Feira Internacional do Livro Infantil.
"Também queríamos prestar uma homenagem às origens italianas de Alberto Uderzo", disse Ferri, em referência ao ilustrador atualmente aposentado que criou os personagens junto com o escritor Rene Goscinny.
Ferri foi coautor junto com o desenhista Didier Conrad dos últimos três livros da série, incluindo "Astérix entre os Pictos" (2013) e "O Papiro de César"(2015).
Designada por Uderzo, a dupla Conrad-Ferri acompanhará as travessias do pequeno gaulês e seu acólito Obélix por toda a península, desde Veneto, no norte, até a Sicília, no sul.
"Itália sob o domínio de César não é só Roma. Há regiões muito diferentes e nem todas estavam a favor do imperador, de modo que têm algo em comum com Gália", comenta Ferri, de 57 anos.
A história se desenvolve no ano 50 a.C., e César "sonha unificar a Itália, embora alguns defendam a independência", aponta o roteirista.
Além disso, Obélix sente a necessidade de ser um verdadeiro guerreiro e está cansado de esculpir menires e caçar javalis.
Aventura, humor, jogos de palavras e situações incríveis são os ingredientes desse comic de sucesso, que esta vez acrescenta um bom número de novos personagens, "um recorde", assegura Jean Yves Ferri.
Em 2017 se comemora, entre outros, o 90º aniversário do roteirista Albert Uderzo e o 40º da morte do desenhista René Goscinny, os dois criadores da série.
- Patrimônio da cultura francesa -
A editora (Albert-René Publishing, filial da Hachette) revela poucas informações sobre a nova aventura, fiel à estratégia de mercado de uma superprodução americana.
Um mecanismo digno de um dos maiores êxitos editoriais franceses, com cerca de 370 milhões de livros vendidos em 110 idiomas em quase 60 anos.
Na França, o último livro ("O Papiro de César") figura na lista de mais vendidos de 2015, com 2,3 milhões de exemplares.
A história de Astérix foi adaptada para o cinema, em nove filmes de animação e quatro longa-metragens com atores de carne e osso.
Enquanto Conrad foi legitimado por Uderzo como seu sucessor na parte do desenho, Ferri admite sentir-se pressionado para manter o padrão das histórias irônicas de Goscinny.
"Sou muito consciente do fato de que eles (Astérix e Obélix) fazem parte do nosso patrimônio cultural e que não podemos desapontar as pessoas", disse Ferri.
"Assim, tento respeitar o chamado estilo Goscinny, segundo o qual todas as páginas têm piadas", explica.
Outro desafio para o escritor é o de respeitar o espírito original do personagem, cujo humor alguns chegaram a tachar de xenófobo.
Ferri rejeita esta crítica, dizendo que o herói gaulês é a encarnação dos valores universais de fraternidade e resistência à tirania.
"Astérix sempre teve um relacionamento com outras culturas baseado em amizade e interesses. Ele ajuda os corsos, os belgas, os britânicos e os espanhóis", lembra.
"Não devemos esquecer que Goscinny era filho de imigrantes judeus que fugiram do Leste europeu e Uderzo veio de uma família de imigrantes italianos, aponta o roteirista.
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