Quando um médico aposentado visitou a casa de leilão Tajan, em Paris, carregando uma pasta cheia de desenhos, Thadeé Prate, um dos diretores do instituto, não pensou que entre a papelada houvesse uma obra rara.
Leia mais:
Artista plástico reproduz obra de Leonardo Da Vinci no telhado da própria casa
Comparado a gigantes da arte, pintor de 14 anos vende obras a R$230 mil
Na terça-feira, dia 13, nove meses após a visita inesperada, o Tajan anunciou a descoberta de um desenho perdido do mestre renascentista Leonardo da Vinci. O martírio de São Sebastião sofrendo com o corpo preso no tronco de uma árvore foi retratado em oito esboços por Da Vinci, sendo que dois já estavam guardados: um no Museu Bonnat-Helleu, em Baiona, na França, e outro no Kunsthalle, em Hamburgo, na Alemanha.
O terceiro esboço passou pela perícia de curadores e foi avaliado em 15 milhões de euros. Um dos que garantiram a autenticidade da obra foi o curador Patrick de Bayser, observando que o desenho havia sido pintado por um canhoto, como Da Vinci.
Em entrevista ao New York Times, Carmem Bambach, curadora do Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, considerou a descoberta um caso "incontestável". Em 2003, ela organizou uma exposição cronológica dos trabalhos de Da Vinci, e contou que, ao ver o terceiro esboço de São Sebastião, "seus olhos pularam da órbita".
– O que temos aqui é um caso aberto e fechado. É uma descoberta excitante – confirmou.
Carmem estima que o desenho tenha sido feito entre 1482 e 1485, na fase inicial de Da Vinci em Milão. Na opinião dela, o esboço recém descoberto é o mais atraente entre os três, por conter duas camadas de tinta e uma paisagem montanhosa ao fundo.
O médico que levou o esboço perdido até o Tarjan pediu que a identidade de sua família não fosse revelada.