Dois prédios gigantescos, blindados do barulho das sirenes das ruas de Nova York, protegido por seguranças e em áreas nobres da metrópole. Assim sãos os edifícios que abrigam os comandos das campanhas de Hillary Clinton e Donald Trump. ZH esteve ontem nos dois headquarters, os quarteis-generais, como os americanos gostam de se referir a esses prédios.
Na descolada região de Brooklyn Heights, do outro lado do East River, a campanha de Hillary montou trincheira nos 10 e 11 andares do One Pierrepont Plaza. No total, são 7 mil metros quadrados, com vista para o sul de Manhattan e para a ponte do Brooklyn, no elegante prédio de granito marrom.
No mesmo quarteirão fica a Clinton Street, mas não foi esse o motivo que levou Hillary a escolher o ponto. Senadora por Nova York, ela estava de olho na mensagem que o bairro representa: antes degradada, a região é hoje repleta de jovens, de artistas e de energia.
– O Brooklyn é cool – limitou-se a dizer um voluntário da campanha de Hillary que entrava no prédio com um grupo de colegas levando bandejas de comida.
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A ordem é para que os militantes sejam discretos e não conversem com jornalistas. Do segurança posicionado no hall do edifício só se passa com autorização do comando de campanha. Ontem, gradis estavam posicionados próximos às portas giratórias para o caso de manifestações.
Entre os vizinhos de Hillary, estão escritórios do banco de investimentos Morgan Stanley, que ficam no mesmo prédio, o edifício da Suprema Corte do estado de Nova York, localizado em frente à torre, uma praça em homenagem aos veteranos mortos na Guerra da Coréia (1950-1953) e uma pequena loja de doces cujo acesso se dá apenas pelo interior do prédio. Até o atendente recorre ao silêncio.
– Só trabalho aos finais de semana, nem vejo a movimentação – desconversou.
O silêncio e a discrição contrastam com a sede do rival, Donald Trump. Na Quinta Avenida, uma das mais luxuosas de Manhattan, os gritos de apoiadores do candidato – e alguns xingamentos a quem os provocava – se sobressaíam ontem, mesmo diante do barulho de buzinas, sirenes e motores do final de tarde. No meio da confusão em frente à Trump Tower, turistas se acotovelavam para passar entre militantes. Um policial apareceu:
– Andem! Andem!
Até um sósia de Trump, com uma peruca loira, estava ali. Tirava fotos a quem pedia, mas rejeitava entrevistas. Segurando um cartaz com a inscrição “Latinas por Trump”, a argentina Suzana Bonno enumerava razões para votar no republicano:
– Parar com a imigração ilegal; Contra o déficit que Obama vai nos deixar e por uma Suprema Corte de centro.
Inaugurada em 1983, a Trump Tower, de 58 andares de vidros negros e muito dourado, é também a residência de Trump. Seu símbolo máximo de luxo e ostentação.
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