A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu nesta quinta-feira a criação de um organismo internacional independente para investigar as violações dos direitos humanos no Iêmen, onde uma guerra provocou mais de 6,6 mil mortes em 17 meses.
Em um relatório publicado em Genebra, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos denuncia os ataques contra mercados e instalações médicas e escolares, o uso de minas terrestres e de bombas de fragmentação e o recrutamento de crianças para transformá-las em soldados.
– Os civis do Iêmen sofrem de forma insuportável há anos com os conflitos armados. E continuam sofrendo sem nenhuma justiça (...) enquanto prevalece a impunidade para as pessoas responsáveis pelas violações contra eles – afirmou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, antes de pedir uma "investigação internacional independente".
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Até 23 de agosto foram contabilizados 3.799 civis mortos e outros 6.711 feridos no conflito, metade deles em ataques aéreos da coalizão liderada pela Arábia Saudita. O documento afirma que ao menos 620 crianças morreram e 758 foram mutiladas desde julho de 2015.
Em março de 2015, Riad passou a liderar uma aliança árabe para conter o avanço dos rebeldes huthis, respaldados pelo Irã e partidários do ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que progrediam no Iêmen depois de conquistar a capital, Sanaa, e forçar a fuga do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi.
O relatório do Alto Comissariado destaca que ao menos 7,6 milhões de pessoas, incluindo três milhões de mulheres e crianças, sofrem de desnutrição e falta de água potável. Além disso, ao menos três milhões de pessoas se viram obrigadas a fugir de suas casas no país, o mais pobre da península arábica.
O governo iemenita criou em setembro de 2015 uma comissão nacional de investigação, mas o relatório da ONU lamenta que a mesma não tenha recebido a cooperação de todas as partes, nem incluído todas as regiões do país.