A pré-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton depôs ao FBI este sábado sobre o uso de sua conta pessoal de e-mail enquanto foi secretária de Estado – um tema que tem assombrado sua campanha para se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos.
Os questionamentos sobre o uso que Hillary fez de uma conta privada e de um servidor doméstico durante o tempo em que ocupou o posto mais alto da diplomacia americana despertaram preocupações no eleitorado de que ela não seria digna de confiança.
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Um assessor informou que o depoimento, tomado na sede do FBI, em Washington, durou 3 horas e meia, e se seguiu a depoimentos similares de assessores da ex-secretária, inclusive sua confidente próxima, Huma Abedin.
Hillary deu estas declarações três semanas antes da Convenção Democrata, que deverá coroá-la como a indicada oficial do partido para disputar as eleições presidenciais, em novembro.
O depoimento indica que a postergada investigação do FBI pode estar chegando à fase final, e que uma aguardada decisão pode estar próxima.
– A (ex) secretária (de Estado, Hillary) Clinton deu um depoimento voluntário esta manhã sobre a gestão de seus e-mails enquanto foi secretária –, informou, em um comunicado, o porta-voz da polícia federal americana, Nick Merrill.
O uso do termo "voluntário" indica que Hillary não foi intimada a depor.
– Ela está satisfeita por ter tido a oportunidade de ajudar o Departamento de Justiça a trazer esta revisão a uma conclusão –, disse Merrill.
– Em respeito ao processo investigatório, ela não fará mais comentários sobre o depoimento –, acrescentou.
Hillary, que pretende se tornar a primeira comandante-em-chefe do país, se desculpou por ter usado exclusivamente uma conta pessoal de e-mail e seu próprio servidor durante o tempo em que foi secretária de Estado, entre 2009 e 2013.
Seus adversários argumentam que sua atitude violou regras sobre a proteção de documentos sigilosos de eventuais ciberataques e pode equivaler a um crime.
O uso de e-mails pessoais em correspondências oficiais veio à tona em 2015, durante investigações conduzidas pelo Congresso, controlado pelo Partido
Republicano, sobre a forma como Hillary lidou com um ataque de militantes à missão americana em Benghazi, na Líbia.
O ataque, em 2012, resultou na morte do embaixador e de outros três funcionários americanos.
Hillary entregou cerca de 30 mil e-mails a autoridades do Departamento de Estado quando deixou o cargo, três anos atrás.
Mas ela também afirmou ter apagado mais de 30 mil outras mensagens que eram de natureza pessoal, não relacionadas com o seu trabalho como secretária de Estado.
Um relatório severo do inspetor-geral do Departamento de Estado criticou-a por não ter pedido permissão para tratar de assuntos oficiais em sua conta pessoal.
Polêmica sobre reunião Clinton-LynchO depoimento ao FBI ocorre em meio a revelações de que a procuradora-geral americana, Loretta Lynch, teve uma reunião de improviso com o marido de Hillary, o ex-presidente Bill Clinton, no aeroporto de Phoenix, Arizona, esta semana. A notícia sobre o encontro provocou uma tempestade política.
Na sexta-feira, Lynch prometeu respeitar as decisões do FBI e dos procuradores sobre apresentar ou não acusações contra Hillary.
A procuradora-geral admitiu que o encontro privado com Clinton "projetou uma sombra" sobre a investigação a respeito dos e-mails na corrida para as eleições-gerais de novembro.
Mas Lynch insistiu em que não interferirá no processo legal relativo à investigação e que a integridade do Departamento de Justiça será preservada.
O adversário de Hillary na disputa pela Casa Branca, o republicano Donald Trump, postou um tuíte neste sábado, no qual considerou "impossível que o FBI não recomende acusações formais contra Hillary Clinton. O que ela fez foi errado! O que Bill fez foi estúpido!"
Na sexta-feira, Trump acusou sua rival de ter "instruído e solicitado" a reunião entre seu marido e Lynch.
Bill Clinton e Lynch se conhecem há anos. Em 1999, ele a nomeou procuradora federal para o distrito leste de Nova York.