O atacante Bernard está passando por momentos difíceis. Jogador do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, ele está preocupado que o clima de guerra civil por que passa o país possa afetar a ele e seus familiares - está morando na cidade do seu clube com os pais e um primo. Mas já tem preparado um plano de fuga para todos caso a situação se agrave em território ucraniano.
- A violência está acontecendo longe de Donetsk, mas os manifestantes já estão partindo para lá porque foi uma cidade onde ainda não teve as manifestações. Mas já tomamos todas as providências para caso precise sair urgentemente, já deixei os nomes com o embaixador (do Brasil na Ucrânia), para caso de precisar pegar um voo rapidamente. Deixei tudo certo lá.
Bernard está no Shakhtar Donetsk desde o segundo semestre de 2013 e tem consciência de que está correndo o risco de não voltar à Ucrânia. Ele não teve dificuldade para viajar no último domingo - se apresentou na manhã desta segunda-feira à seleção brasileira em Johannesburgo após escala em Londres -, mas, por enquanto, não pretende trocar de clube.
- Já conversei (com a família) sobre a possibilidade de não poder voltar. Se precisar volto para o Brasil, como eles também - disse. -Mas trocar de clube agora não dá. Acabei de chegar e fica um pouquinho difícil para o presidente. Ele investiu alto e não vai querer liberar um jogador recém-contratado e por um valor tão alto - completou o ex-atacante do Atlético Mineiro, sem esconder, porém, que, no futuro, pretende dar um passo maior na carreira e jogar em um grande clube de um centro maior da Europa.
A possibilidade de não poder retornar a Donetsk se deve ao de fato de vários manifestantes estarem se deslocando para a cidade, a maioria defendendo que a Ucrânia mantenha relações próximas com a Rússia.
- Já chegou bastante manifestante. Eles já estão ficando na frente da prefeitura. Então a situação está ficando um pouquinho tensa, mas eles (o clube) garantem a segurança da gente - afirmou.
O mesmo drama de Bernard está sendo vivido por todos os jogadores brasileiros que atuam no Shakhtar Donetsk, mas o atacante disse que todos também já têm estabelecido plano de fuga para eles e seus familiares. Bernard aconselhou a seus pais e ao primo que permaneçam em casa.
- Falei para o pessoal tomar cuidado e, caso saia de casa, já compra o que tiver de comprar para várias semanas porque a gente não sabe o que pode acontecer numa situação dessas.
No entanto, apesar de a segurança de seus familiares estar em risco, Bernard garante que a situação não terá influência no seu rendimento na seleção brasileira, que nesta quarta enfrenta a àfrica do Sul, em Johannesburgo, no último amistoso antes da convocação final para a Copa do Mundo.
- Não me atrapalha na semana. Procuro separar, estou sempre focado. Todas as vezes que eu venho procuro me dedicar nos treinamentos, nos jogos, para poder realizar o sonho de jogar na Copa do Mundo, ainda mais uma Copa especial, que é no Brasil. Quando eu venho para cá, cabeça está direta aqui - garantiu.
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