Pelo menos 29 pessoas morreram durante manifestações no Egito neste sábado, em confrontos entre partidários do governo e opositores islamitas no dia do terceiro aniversário da revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak, informou um porta-voz do Ministério da Saúde.
Do total de vítimas, 26 morreram no Cairo e arredores, informou o porta-voz Ahmed Kamel. Em todo o país houve 168 feridos e mais de 700 prisões. Os partidários do presidente islamita Mohamed Mursi, destituído pelo exército em 3 de julho passado, pediram que as manifestações fossem pacíficas por ocasião da data.
"Abaixo ao regime", gritavam os manifestantes na capital egípcia, antes de se dispersarem pelas ruas sob uma chuva intensa de bombas de gás lacrimogêneo. Na mesma manifestação, em um bairro central da capital, se reuniram os pró-Mursi e os "Jovens da Revolução" de 2011, que responderam à convocação de um movimento liberal e laico que reúne a ex-militantes da revolta anti-Mubarak.
A intervenção militar de 3 de julho significou para os militantes não islamitas da revolução de 25 de janeiro o retorno ao autoritarismo do antigo regime de Mubarak.
A Irmandade Muçulmana, confraria à qual pertence Mursi e que ganhou todas as eleições desde a queda de Mubarak, convocou 18 dias de manifestações pacíficas.
Mas o governo "de fato", dirigido pelo exército, já advertiu que irá reprimir com "firmeza" qualquer "tentativa de sabotagem das cerimônias por parte da Irmandade Muçulmana", decretada "organização terrorista" há algumas semanas.
Desde o último 14 de agosto, quando policiais e soldados mataram mais de 700 manifestantes pró-Mursi em um dia de protestos no Cairo, mais de mil manifestantes islamitas morreram e vários milhares foram presos, incluindo a maior parte dos líderes da confraria.
Neste sábado, no Cairo, policiais e soldados bloqueavam com tanques os principais acessos à cidade e a emblemática praça Tahrir, epicentro da "Revolução de 25 de janeiro de 2011". Milhares de pessoas foram à praça neste sábado levando fotos do general Abdel Fatah al-Sissi, chefe do exército e homem forte do Egito.
Endurecimento dos atentados
Os atentados contra as forças de ordem se multiplicaram desde que as forças armadas destituíram, em julho de 2013, o presidente islamita Mohamed Mursi - eleito democraticamente - e começaram a reprimir violentamente seus partidários.
Quatro atentados com bomba mataram seis pessoas nesta sexta-feira no Cairo, e outras 14 pessoas morreram em manifestações pró-Mursi em todo o país.
A maior parte dos atentados recentes contra as forças de ordem foi reivindicada por movimentos jihadistas que afirmam atuar em represália ao "massacre" dos pró-Mursi, mas sem vínculo direto com a Irmandade Muçulmana. Ainda assim, as autoridades egípcias acusam a Irmandade de envolvimento nos atentados.
Cinco soldados egípcios também morreram neste sábado depois que um helicóptero caiu na península do Sinai, cenário de confrontos entre grupos de insurgentes islamitas, informou uma fonte médica. O motivo da queda nesta zona, muito utilizada pelos militares egípcios como centro de operações, ainda não está claro.
Na manhã deste sábado, uma pequena bomba artesanal causou danos materiais num centro de treinamento da polícia na capital egípcia. Uma explosão e intensos disparos foram ouvidos em uma base da polícia egípcia, perto da cidade de Suez, informaram fontes oficiais. Uma fonte ministerial indicou que um foguete foi disparado contra a base.