Após dois meses de reveses frente à Justiça russa, o Greenpeace conseguiu nesta segunda-feira a libertação de três dos 30 tripulantes do navio Arctic Sunrise.
Foram soltos sob fiança três russos, uma médica, um fotógrafo e um radiojornalista, o que aumenta a expectativa pela possível libertação da brasileira Ana Paula Maciel , que tem audiência marcada para hoje.
A um quarto integrante da organização, o australiano Colin Russell, porém, foi negado o direito de fiança por um tribunal diferente do que aceitou liberar os três russos. Russell teve a prisão preventiva prorrogada por três meses, até 24 de fevereiro.
A russa Ekaterina Zaspa, médica a bordo do Arctic Sunrise, será libertada após o pagamento de 2 milhões de rublos (R$ 140,2 mil) de fiança, segundo decisão de um tribunal de São Petersburgo, cidade para a qual os ativistas foram recentemente transferidos de Murmansk, cidade portuária às margens do Mar de Barents. O tribunal também decidiu pela libertação sob fiança do fotógrafo russo Denis Siniakov, que trabalhou para Agência France-Presse e para a Reuters, e de Andrey Allakhverdov, radiojornalista de renome no país. Apesar da libertação, eles continuam acusados de vandalismo e pirataria, crime que seria retirado, segundo anúncio das autoridades, mas que está sendo mantido.
Nesta segunda-feira, estava prevista a análise de sete casos, mas a Justiça adiou parte das audiências, entre elas, a da brasileira. O Greenpeace se mostrou otimista em relação ao caso de Ana Paula. Ontem, um procurador declarou que não era contra a libertação da brasileira. A audiência dela deve ocorrer hoje.
Mesmo que a Justiça acate o pedido de pagamento de fiança, não deve permitir que Ana Paula volte para casa. Ela teria de aguardar o desfecho do processo no país. Ontem, ao comparecer ao tribunal, exibiu de sua cela metálica vários cartazes proclamando "Eu amo a Rússia, mas me deixe voltar para casa" e "Salvem o Ártico".
O argumento do tribunal que negou a liberdade ao australiano argumentou que Russell poderia fugir do país caso fosse liberado. Questionado sobre as suas intenções, o australiano declarou:
- Sou inocente. E é por isso que eu não fugiria. Estou na prisão por nada há dois meses, e não compreendo o porquê.
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O Greenpeace anunciou que pretende contestar a decisão.
- As autoridades dizem que precisam de três meses para investigar um crime imaginário (...). Este julgamento é um circo - respondeu nesta segunda-feira Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace.
A A bióloga brasileira Ana Paula Maciel compareceu à mesma audiência, num tribunal no distrito de Primorsky, em São Petersburgo. A sessão da corte tratou da prorrogação da prisão provisória dos 30 ativistas presos em outubro.