Milhares de empregados públicos e seguidores do presidente Hugo Chávez o acompanharam ontem no registro da candidatura para o terceiro mandato (caso se reeleja para mais seis anos, poderá chegar a 20 no poder), em meio a dúvidas crescentes sobre seu estado de saúde.
O grupo se concentrou no centro de Caracas em uma medição de forças com os apoiadores do candidato Henrique Capriles, de oposição, que, no domingo, fez uma caminhada de 10 quilômetros antes de também registrar sua candidatura.
Entre os cartazes de apoio ao presidente, havia frases como "vamos com tudo por amor a Chávez''. Também havia bandeiras da Venezuela, camisetas vermelhas do PSUV, o partido governamental, e outras formas de apoio, como apitos, cornetas e música popular.
Três bonecos gigantes do presidente podiam ser vistos de longe.
Apesar das incertezas sobre a saúde do presidente, as pessoas que o cercam manifestavam otimismo em relação ao futuro. A única recomendação feita pelos militantes chavistas era de que ele deve se cuidar para entrar com força na campanha. Esse sentimento, provavelmente, é impulsionado pelas próprias declarações do presidente, que tem afirmado se "sentir bem".
Curiosamente, especialistas como Luis Vicente León, presidente do instituto Datanálisis, veem na doença um fator de popularidade do presidente, que chega a 50% de aprovação popular. O problema é que isso pode ser revertido durante a campanha. A imagem construída por Chávez em 13 anos de poder, de um presidente que podia discursar por mais de oito horas, cantar e dançar em atos públicos está seriamente abalada. Faz um ano que, em junho de 2011, uma cirurgia para a extração de um abcesso pélvico no presidente surpreendeu os venezuelanos, que mais tarde ficaram sabendo: tratava-se de um tumor do tamanho de uma bola de beisebol.
O diagnóstico de câncer marcou um longo caminho de ausência do presidente na Venezuela e abriu espaço para sua imagem messiânica. A questão é: como ficará quando uma nova eleição requer saúde e energia? Os chavistas mantêm discrição. A ausência de boletins médicos também serve para rumores cada vez mais frequentes e intensos sobre a saúde presidencial.