A prefeitura de Canoas criou um canal para facilitar o contato de famílias de alunos com a Secretaria Municipal da Educação em casos de denúncias de problemas em escolas conveniadas, ou seja, as que vendem vagas para o município.
A iniciativa foi motivada pelo caso envolvendo a Escola Infantil Anjos e Marmanjos, do bairro Rio Branco, revelado pelo Grupo de Investigação da RBS. Uma professora da unidade é suspeita de maus-tratos e ameaças contra alunos. A funcionária já foi demitida.
O caso veio à tona a partir de gravações de como a professora lidava com as crianças em algumas situações. As conversas foram captadas por vizinhos e pelo GDI. A reportagem revelou frases ríspidas e ameaças da professora ao se dirigir a alunos: "Cala a tua boca e come" e "Vou te cortar tua mão, te juro". Era possível ouvir as conversas quando as crianças estavam no refeitório, que fica nos fundos da escola, em um pedaço de pátio coberto.
Conforme a prefeitura, a criação de um telefone específico visa "estreitar a relação" entre a secretaria e a comunidade escolar, facilitar o levantamento de todas as denúncias que possam surgir e tornar mais ágil o atendimento. Os casos podem ser repassados por ligação ou mensagens de WhatsApp, por meio de textos, fotos ou vídeos.
— Esse canal de denúncias pelo WhatsApp vai ampliar nosso atendimento à população. Vamos intensificar ainda mais nossas ações de fiscalização. Queremos ouvir e, assim, garantir a melhoria do serviço prestado. Estamos sempre abertos a sugestões, e esse novo canal é mais um instrumento de transparência, que nos auxiliará na promoção de um atendimento cada dia mais eficiente e humanizado — declarou o secretário-adjunto da Educação, Eduardo Paim.
Além de denúncias, os familiares podem fazer contato com o serviço se entenderem não terem sido bem atendidos junto às escolas conveniadas, que são 49. A prefeitura está analisando se vai manter contrato com a Anjos e Marmanjos, que atende 136 crianças na sede, no bairro Rio Branco, e mais 23 na filial, no Marechal Rondon.
Um inquérito para apurar os fatos ocorridos na escola está sendo feito pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Funcionárias e pais de alunos estão sendo ouvidos. Na semana passada, além da professora suspeita, a escola demitiu a diretora da unidade.