Enquanto ladrões furtam pedestres, quadrilhas especializadas atacam depósitos com cargas de aparelhos celulares de empresas em Porto Alegre. Em apenas dois ataques, grupos criminosos causaram prejuízo de R$ 6 milhões, no ano passado, de acordo com estimativas da polícia.
O primeiro deles, em junho, foi no depósito da Latam. Doze homens armados levaram carregamento de 2,7 mil aparelhos da Samsung. Outro caso, em outubro, aconteceu no depósito da Claro, na mesma região.
Usando toucas ninjas e armamento pesado, os assaltantes renderam funcionários e utilizaram maçarico para arrombar uma porta. Na última sexta-feira, o mesmo local foi alvo de criminosos e há poucas informações. Apenas sabe-se que um caminhão foi usado para atacar o local e o bando armado fugiu com celulares — seriam entre 2 e 3 mil aparelhos.
O delegado Alexandre Fleck, da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), diz que enfrenta dificuldades para prender os criminosos do ataque à Latam, porque o fabricante bloqueou os aparelhos roubados, o que dificulta o rastreamento. Informes não oficiais repassados à polícia indicam que a carga teria sido revendida no Paraguai. Quanto ao assalto na Claro, a polícia ainda aguarda o despacho de medidas judiciais para seguir nas investigações.
As seguradoras buscam alternativas. Então, temos desde a escolta aérea feita por helicóptero, até veículos blindados para fazer entrega nos destinos finais. Então, imagina onde chegamos? Tem veículo blindado para entregar um celular numa loja, em uma shopping.
SALVATORE LOMBARDI
Presidente do Clube Internacional de Seguros de Transportes (Ciste)
— A gente percebeu que se tratavam de quadrilhas bem organizadas. Em ambos os casos, quadrilhas numerosas, que utilizavam diversos veículos. A gente estima entre 10 e 20 indivíduos nesses roubos, demonstrando organização na forma de proceder abordagem, na forma de pegar os objetos que eram alvo deles — explica Fleck.
Ainda em 2017, outros dois furtos a lojas da Tim no centro da Capital renderam aos bandidos 390 aparelhos. As imagens reveladas pela RBS TV mostram os ladrões atacando durante a madrugada com o uso de lanternas. Nesse mercado, a preocupação com a segurança começa antes mesmo dos aparelhos chegarem aos depósitos. Verdadeiras operações de guerra são montadas para garantir que as cargas cheguem ao destino.
No Rio de Janeiro, a reportagem acompanhou uma dessas operações, na qual foram utilizados dois caminhões blindados e até escolta aérea, de helicóptero. São condições impostas pelas companhias de seguro para segurar uma carga de celular, que chega valer até R$ 30 milhões.
— As seguradoras buscam alternativas. Então, temos alternativas desde a escolta aérea feita por helicóptero, até veículos blindados para fazer entrega nos destinos finais. Então, imagina onde chegamos? Tem veículo blindado para entregar um celular numa loja, em uma shopping — afirma Salvatore Lombardi, presidente do Clube Internacional de Seguros de Transportes (Ciste).
O aplicativo
O app usado nessa reportagem é pago e focado em empresas. Deve ser instalado por um especialista. Se você for alvo de roubo ou furto, procure a Delegacia de Polícia mais próxima ou a Brigada Militar. A Polícia Civil destaca que vítimas não devem perseguir ladrões.