Realizar atividades culturais, esportivas, artísticas e campeiras, administrar questões burocráticas, organizar a participação em eventos regionais e representar o coletivo institucionalmente. Essas são algumas das principais funções e responsabilidades exercidas por um patrão ou uma patroa entre os cerca de 1,7 mil Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) registrados oficialmente.
Segundo Rogério Bastos, presidente da Comissão Gaúcha de Folclore do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), algumas distinções são fundamentais para quem quer chegar ao cargo.
— É preciso ter habilidades administrativas, de relacionamento interpessoal e visão macro, ou seja, não enxergar somente o departamento que mais se identifica, mas o todo. Também é preciso ter um comportamento ético, conhecer a história do Rio Grande do Sul e do nosso tradicionalismo. Cada entidade é uma associação regida pelo seu estatuto. Os associados escolhem seu representante, que deve obrigatoriamente participar do curso de formação tradicionalista — explica.
Foi vencendo a eleição de forma inédita que a professora Shirley Isabel Cambeiro tornou-se a primeira patroa do CTG Amanhecer na Querência, de Alvorada, em 2019, onde permaneceu no cargo até 2023, depois de ser reeleita.
Neste período, enfrentou o maior desafio, durante a pandemia, e buscou manter o espaço ativo diante das restrições da época.
— Realizamos atividades online com os jovens para que eles não perdessem o vínculo. Foi um grande desafio ser a primeira patroa em mais de 30 anos do CTG, sempre liderado por homens — conta.
Patroas
Ao percorrer caminho similar, a médica Márcia Borges da Silva, também escritora e integrante da Brigada Militar, foi eleita, em 2011, patroa do 35 CTG, em Porto Alegre. Na entidade pioneira na história do tradicionalismo no Rio Grande do Sul – fundada em 1948 –, exerceu a função até 2015.
Hoje é patroa no CTG Tropeiros da Tradição, da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), que reúne servidores da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul. Entre os períodos, lançou o livro A Evolução Histórica da Mulher Gaúcha, valendo-se também de sua condição de pedagoga e historiadora.
— Além de ser uma boa administradora, é preciso conhecer e valorizar a cultura do Estado. Ainda há muitas barreiras a serem superadas, como o preconceito, o machismo e a desigualdade. Isso é apresentado de forma velada, mas perceptível nas ações diárias em reuniões — comenta.
De acordo com o MTG, existem cerca de 300 patroas no Estado. Márcia também é titular da Comissão Gaúcha de Folclore e conselheira da Fundação Cultural Gaúcha ligada ao MTG.
Exigindo tempo de dedicação que pode variar de cinco a 20 horas semanais, conforme a demanda de cada instituição, a função de patrão ou patroa não é remunerada. Regularmente, são programados encontros regionais, normalmente mensais ou bimensais, além do congresso anual do MTG que reúne os representantes dos CTGs de todo o Estado.
*Produção: Padrinho Conteúdo