Bandeirinhas coloridas, balões e até música da Anitta tocada com trompete. Assim foi a homenagem ao jornalista e produtor musical Matheus Peixoto Piovesan, 36 anos, que morreu após ser atropelado na madrugada de sábado (6), em Londres. O encontro realizado neste domingo (7) foi organizado por amigos e teve como objetivo celebrar a vida do gaúcho, que morava na capital britânica há cerca de cinco anos.
De acordo com Mariana Steffen, que morava com Piovesan, mais de cem pessoas estiveram presentes na homenagem. O encontro ocorreu por volta das 17h30min (13h30min no horário de Brasília), no Victoria Park, no leste de Londres, e foi transmitido ao vivo pelas redes sociais para que amigos do Brasil também pudessem acompanhar.
— Tinha mais de cem pessoas entre amigos, colegas de trabalho, a irmã dele que está aqui, músicos com quem ele trabalhava, pessoas de todos os lados do mundo, vários brasileiros, mas também britânicos e de outras nacionalidades. O Matheus era uma pessoa muito fácil de fazer amizades e todo mundo gostava muito dele. Então, ele se dava bem com praticamente todo mundo — relata Mariana.
A amiga também conta que, no local, havia flores, uma foto e um desenho que representava o jornalista. Foram lidas mensagens que os amigos brasileiros e de outros países mandaram, e teve um espaço para que as pessoas pudessem falar sobre Piovesan.
— Uma outra amiga trouxe uma cadeira de parque que ele gostava e sempre comentava. A irmã dele falou algumas palavras, depois chamamos duas músicas e elas tocaram. São artistas que ele sempre incentivou muito, trabalhou com elas. Mais para o final, soltamos os balões. Ele amava muito a Anitta, e um amigo dele, que é trompetista, tocou Envolver, da Anitta, no trompete. Foi maravilhoso — diz Mariana.
Outras músicas brasileiras e canções da Britney Spears, que Piovesan gostava, também foram tocadas.
— Foi bem bonito. Uma celebração mesmo da vida dele — destaca a amiga.
"Olha aquele arco-íris, é o Matheus"
Durante a homenagem, a irmã do gaúcho, Carolina Piovesan, que foi de Paris para Londres após saber do acidente, agradeceu aos presentes pelo encontro. Carolina comenta que viu o grande grupo de pessoas logo que entrou no parque — que era o preferido do irmão — e que recebeu muitas mensagens de amigos e familiares que estão longe e agradeceram por conseguirem acompanhar a transmissão da homenagem:
— Uma das coisas que eu disse diante daquele público todo foi que eu estava ao mesmo tempo surpresa e nem um pouco surpresa de ver tanta gente reunida ali pelo Matheus, tantos grupos de amigos diferentes, tantas pessoas que fizeram parte dessa história. Foi muito emocionante e, de certa forma, também reconfortante. É isso que tem dado forças para nós da família, para as pessoas que estão longe. Foi realmente especial demais.
Em sua fala, Carolina também ressaltou que, mais do que solar, o irmão havia sido um arco-íris — tanto que os amigos pediram para que ninguém vestisse preto durante a homenagem, mas sim roupas coloridas.
— É consenso para a gente que o Matheus sempre foi e vai continuar sendo brilho e luz. E, enquanto estávamos compartilhando essas homenagens todas, uma amiga me puxou pelo braço e disse: "olha para o céu, está bem fraquinho, mas olha aquele arco-íris, é o Matheus aqui com a gente". Então, foi muito, muito emocionante. Teve muito brilho, amor, música, choro e risada. Foi inesquecível, como o Matheus — enfatiza a irmã.
O grupo também fez uma homenagem a Piovesan no local do acidente: colocaram flores, bandeirinhas coloridas, mensagens e uma foto do jornalista em seu último aniversário.
Relembre o caso
Natural de Pelotas, Sul do Estado, Piovesan passou parte de sua vida em Porto Alegre, mas morava em Londres há cerca de cinco anos. O jornalista, que já atuou no Grupo RBS como repórter do site GZH e de Zero Hora, foi atropelado na madrugada de sábado, enquanto voltava do trabalho de bicicleta para casa. Na capital britânica, Piovesan trabalhava em bares e cafeterias e, de forma paralela, estava envolvido com projetos musicais.
De acordo com a imprensa britânica, o acidente teria sido causado por um carro tripulado por duas mulheres, que não prestaram socorro e fugiram. O atropelamento aconteceu próximo ao cruzamento da Cable Street com a Cannon Street Road, em Shadwell, na zona leste londrina. Apesar de trajado com capacete e outros equipamentos de proteção, Piovesan morreu no local, enquanto ainda era atendido por paramédicos.
Conforme nota distribuída à imprensa pela polícia, as duas mulheres que tripulavam o automóvel envolvido no acidente foram presas sob suspeita de causar morte por direção perigosa e não parar no local da colisão. A polícia informou a pessoas próximas de Piovesan que a liberação do corpo pode demorar 14 dias ou mais, dependendo da investigação, que está em andamento.
Carolina afirma que, a princípio, a família está organizando o translado do corpo, mas que ainda deve levar um tempo. A irmã irá ao consulado na segunda-feira (8) para buscar mais informações sobre os próximos passos do processo.