Práticas comprometidas com o bem comum são uma crescente na sociedade, e nos ambientes corporativos têm ganhado ainda mais importância à medida que aumentam as exigências dos consumidores. Os compromissos firmados, no entanto, não se restringem ao consumo e envolvem também a gestão dessas companhias e o que elas devolvem para a sociedade.
Alinhadas, essas ações integram uma sigla cada vez mais presente no jargão dentro e fora das empresas: ESG. A abreviação, do inglês Environmental, Social e Governance, expressa a busca de padrões de excelência das companhias em termos ambientais, sociais e de governança corporativa.
Como surgiu o ESG
Em 2004, a Organização das Nações Unidas, instituições financeiras e CEOs de grandes companhias publicaram um documento que tinha como proposta conectar o mercado financeiro a um mundo de mudanças. Havia necessidade, naquele momento, de se criar diretrizes que orientassem novas práticas de mercado. A partir deste marco, a discussão veio para encorpar o que é o ESG hoje, contextualiza Moema Nunes, coordenadora do MBA em ESG e Gestão Corporativa da Universidade Feevale.
A chave que promoveu essa mudança, de maior visibilidade sobre as práticas de ESG, foi o acesso à informação. Ao unir aspectos ambientais, sociais e de governança, a sigla ajuda as empresas a promoverem ações efetivas que sejam reconhecidas pelo mercado. Isso tudo tendo como pressuposto que, ao ser uma organização mais sustentável, as ações retornam em termos de competitividades e de negócios.
"É bem mais do que ser apenas sustentável. Hoje, uma empresa não consegue mais esconder o que ela faz. Seja pelo site dela, seja pelo que o próprio colaborar da empresa posta em suas redes sociais."
MOEMA NUNES
Coordenadora do MBA em ESG e Gestão Corporativa da Universidade Feevale
O que tem em cada letra?
Ainda que a abrangência das práticas ESG seja ampla, as vertentes nela englobadas buscam contemplar temas cada vez mais atuais de um mundo em transformação.
No plano ambiental, assunto caro às sociedades atuais diante das mudanças climáticas, as ações se concentram em encontrar um ponto de equilíbrio na relação entre as pessoas e o planeta, por uma interação que seja sustentável a longo prazo. Isso reflete na gestão de riscos ambientais, financeiros, operacionais e mesmo de reputação das empresas. Indiretamente, a pauta ambiental movimenta uma cultura relacionada à inovação, à medida que incentiva a preocupação por poluir menos, controlar o que se emite e reduzir a quantidade de resíduos.
No “S” da sigla, que compete ao desenvolvimento social, os grandes tópicos são as questões de inclusão e igualdade, como assegurar condições de trabalho para pessoas com deficiência e de diferentes gêneros. Não se trata, porém, de somente dar espaço a essas pessoas nas vagas das companhias, mas de permitir que elas possam também crescer nas suas posições, com condição de assumir postos de liderança.
Na última letra, a governança coorporativa aborda, principalmente, regras de conformidade de gestão, relacionamento com clientes, acionistas e fornecedores. Apesar de ser o tema de entendimento menos palpável entre as demais letras, fora do ambiente corporativo, é o que mais fala sobre a transparência e a reputação das empresas perante as demais pessoas.
Diferencial de mercado
As ações de ESG não se restringem às grandes companhias e passam a ser implementadas com maior relevância também nas empresas menores. Os próprios bancos e grandes fomentadores estão mais criteriosos com a pauta ESG, optando por financiar projetos que estejam alinhados às práticas sustentáveis ou de governança.
Muitas empresas pequenas, aliás, conseguem criar diferenciação no mercado por terem uma gestão alinhada ao ESG nas suas diretrizes. É uma maneira de se destacar.
O gargalo para a expansão, no entanto, ainda é a falta de profissionais capacitados, que saibam apontar os caminhos possíveis.
— O ESG está presente nas empresas. Nas grandes, é inquestionável. Nas pequenas, é, pelo menos, uma demanda. O problema é a falta de profissionais com experiência. Por ser um tema relativamente novo, os gestores ainda estão buscando a qualificação — diz Moema.
O que é ESG
- Sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança), o termo surgiu em 2004. Desde então, vem ganhando espaço no mundo corporativo e fora dele.
- São diretrizes utilizadas para orientar empresas e investimentos em ações de impacto positivo na sociedade e no meio ambiente.
- Quando adotadas, as práticas ESG são um diferencial para as companhias.
- As ações demonstram o compromisso das empresas com a sustentabilidade, com o desenvolvimento responsável e a transparência das suas ações.
- O conceito também inclui ações de governança das empresas, como os compromissos com a diversidade e a inclusão nas equipes.