Os estragos causados pela inundação na RS-287 devem alterar o plano de duplicação da rodovia. Antes programado para começar em trechos urbanos dos municípios de Tabaí e de Santa Cruz do Sul, a obra pode se iniciar em locais que contam com desvios emergenciais, como é o caso da localidade de Mariante, em Venâncio Aires, ponto mais afetado pela força da água. O avanço do Rio Taquari arrancou pedaços da pista entre os quilômetros 56 e 60, criando crateras no trecho, que foi liberado por meio de desvios. Além desse local, Candelária, Paraíso do Sul e Santa Maria contam com passagens emergenciais.
O diretor-geral da Rota de Santa Maria, Leandro Conterato, afirma que essa possibilidade seria uma oportunidade de conciliar o reparo estrutural da pista e a duplicação prevista em contrato:
— É muito possível, em função da necessidade de reconstrução desses trechos que estão operando com desvio provisório, que a obra se inicie por ali, para poder recompor esse trecho, que hoje está em situações um pouco limitadas em termos de velocidade e geometria da rodovia.
Conterato destaca que isso ainda não está definido, porque é uma questão que está sendo planejada e discutida junto ao governo do Estado. A decisão deve ser tomada nos próximos meses, segundo o diretor-geral. A estimativa é de que as obras de duplicação sejam retomadas entre os meses de agosto e setembro.
Conterato afirma que estudos também são realizados no sentido de tornar a rodovia mais resiliente. No trecho de Mariante, não é descartado o uso de pontes secas, alternativa ventilada na região como solução para evitar danos causados pelo avanço do Rio Taquari.
— É consenso nosso, da sociedade, do próprio governo, que não faria sentido reconstruir a rodovia existente nas mesmas características da pista antiga, porque a gente vai estar à mercê da ocorrência ou da repetição desse tipo de problema. Então, é necessário reconstruir em condições melhores, a partir de estudos técnicos que avaliem quais são os novos parâmetros, os novos requisitos dessa nova obra — destaca o dirigente.
Na última terça-feira (18), a cheia do Rio Taquari causava pontos de inundação nas várzeas ao lado da via.
Obras estruturais devem levar um ano
O diretor-geral da Rota de Santa Maria afirma que foram investidos R$ 35 milhões somente nas obras de reconexão emergencial da RS-287. A reconstrução estrutural da rodovia deve ocorrer ao longo dos próximos 12 meses, segundo Conterato:
— A gente estima que a reconstrução da rodovia vai acontecer ao longo de 12 meses mais ou menos. É uma obra que vai ter que ser compatibilizada com o avanço das obras de duplicação, que estavam por ser iniciadas agora no mês de maio e foram postergadas em função de tudo isso que aconteceu.
Conterato afirma que ainda é cedo para ter uma posição sobre eventuais mudanças no contrato de concessão em razão de obras não previstas inicialmente.
A Rota de Santa Maria administra 204,5 quilômetros da RS-287, entre Tabaí e Santa Maria. Pelo contrato de concessão, a duplicação da rodovia será concluída entre Tabaí e Novo Cabrais, além das travessias urbanas de Paraíso do Sul e Santa Maria, até 2030, totalizando 133 quilômetros. O segundo ciclo de duplicação deve ocorrer até 2042, com possibilidade de antecipação, segundo a empresa.
Cenário atual
Há cerca de um mês, a RS-287 seguia com quatro bloqueios totais que impediam o fluxo normal entre a Região Metropolitana e o centro do Estado. Além disso, essas interrupções separaram cidades cortadas pela rodovia, prejudicando o comércio local, escoamento da produção e recebimento de insumos. Nas últimas semanas, a rodovia administrada pela Rota de Santa Maria foi religada por meio de desvios emergenciais e ponte provisória. Com isso, o fluxo e a vida das comunidades locais começa a voltar ao normal após o pico da inundação no Estado.