A estimativa do Sindicato dos Trabalhadores de Aplicativos do Rio Grande do Sul (Sinditrapli) é de que 80% dos motoristas de app do Estado tenham sido afetados pela enchente de alguma forma, seja com danos no carro, em suas residências ou até em ambos.
Conforme a entidade, houve casos de trabalhadores que perderam seus carros na enchente, muitos deles sem seguro, enquanto outros tiveram prejuízos financeiros que impossibilitam pagar pelo aluguel de um carro. O sindicato também calcula que 40% da frota de aplicativos pertença a locadoras — muitas ficaram submersas.
— Acreditamos que é um mix de problemas que os motoristas vêm enfrentando. Agora que o trânsito está voltando ao "normal", não quer dizer que a vida do trabalhador motorista de app esteja normalizada, pois é casa pra limpar, reconstruir. Sim, tem muito menos motorista na rua trabalhando e muitos não estão saindo das suas cidades. Ainda estamos sofrendo muito com o que passamos — afirma a presidente Carina Trindade.
Nas últimas semanas, usuários relataram dificuldades para conseguir corridas nos aplicativos mais populares: Uber e 99. Além disso, quando conseguem, registram preços mais elevados do que o de costume. GZH consultou as empresas sobre alterações no serviço oferecido após a enchente.
A Uber ressaltou que os transtornos de mobilidade causados pela cheia trouxeram um impacto temporário para a empresa, que tem registrado número maior de viagens mais curtas do que o de costume em municípios afetados. A empresa considera que variações de valores podem acontecer em função do preço dinâmico, que calcula o preço baseado na oferta e demanda por viagens em tempo real.
Quando a demanda é maior do que o número de motoristas ativos na região naquele momento, o preço dinâmico é ativado e o valor da viagem fica mais caro do que o habitual. Isso se relaciona com o contexto apresentado pelo sindicato, que confirma que houve redução no número de motoristas trabalhando diariamente, já que muitos foram afetados.
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Ambitec) tem as empresas Uber e 99 como associadas. A associação confirma que há maior tempo de espera para realização de corridas e justifica que isso pode ocorrer devido ao momento específico que o Rio Grande do Sul enfrenta, que pode levar a um aumento de demanda por corridas ou a uma disponibilidade menor de motoristas parceiros, confirmando que pode haver um desequilíbrio temporário.
Já a 99 não respondeu aos questionamentos sobre a redução de oferta e aumento dos valores. A empresa apenas informou que, à medida que as águas têm baixado, o número de viagens realizadas no Rio Grande Sul vem se reestabelecendo gradativamente, e que a empresa tem oferecido cupons de desconto para clientes de áreas afetadas e taxa zero por um mês para os motoristas parceiros.
Já a Uber, assim como o sindicato dos motoristas, afirma acreditar que a situação deve demorar para se normalizar.