O governador Eduardo Leite anunciou novas ações diante dos eventos meteorológicos que atingem o Rio Grande do Sul. Entre as medidas, estão o reforço da segurança nos abrigos e o chamamento de policiais da reserva para apoio, que já havia sido anunciada esta semana, mas contará com mais 260 civis a partir dos próximos dias.
Leite também pediu para a população ficar atenta ao clima neste final de semana, no qual a previsão é de chuva e vento forte. A entrevista foi concedida na na sede do comando-geral do Corpo de Bombeiros, em Porto Alegre.
— Vamos ter três dias de muita umidade. Chamamos atenção para essa condição. É muito importante que, a partir dessa coletiva, a população saiba que ainda estamos passando por uma situação de muito cuidado. Muitas áreas do Estado terão volumes de chuvas mais intensos nos próximos dias. — pediu o governador.
- Sexta-feira (10): chuvas se espalham pelo Estado e devem ser mais intensas na Região Metropolitana, Centro, Norte, Nordeste, Vales e Litoral Norte (volumes até 120mm)
- Sábado (11): chuvas seguem fortes e persistentes entre 40 e 90mm, nas mesmas regiões acima
- Domingo (12): chuvas seguem intensas com volume entre 80 e 140mm
- Segunda-feira (13): chuvas persistem fortes nestas regiões
— Não é momento, ainda, de permitir e incentivar que as pessoas voltem para casa em locais de risco. O solo está encharcado e altamente instável ainda. Com as chuvas que vem pela frente, há possibilidade de novos deslizamentos.
Em seguida, Leite falou sobre os policiais da reserva chamados para auxiliar à população na segurança em abrigos.
— Temos mais de 400 abrigos em que estão cerca de 67 mil pessoas. Estou especialmente focado junto a Secretaria de Desenvolvimento Social, de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, e a Defesa Civil, em acompanhar a situação desses abrigos para garantir a proteção das pessoas que estão lá. Inclusive, nesse chamamento de servidores, estão policiais que estavam na reserva. Vamos concluir o cadastro e colocar estes profissionais em atuação até o final de semana, nos abrigos, para proteger as famílias que estão lá dentro.
O secretario de Segurança do Estado, Sandro Caron, falou sobre o número de prisões efetuadas por saques e os crimes cometidos em abrigos.
— No momento, são 41 prisões por saque. Nós temos uma atuação na preocupação em coibir saques, que já reduziram muito nos últimos dias, em razão do policiamento intensivo com embarcações realizada pela Brigada Militar e pela Policia Civil. E temos agora esse foco muito direcionado para os abrigos e, em alguns deles, temos permanentemente integrantes da polícia. Nos seis casos de crimes sexuais constatados, todos foram presos — disse.
Na sequência, Caron ressaltou a autorização que Leite concedeu para que haja policiamento vindo de fora do Estado para combater os crimes:
— O governador nos autorizou a chamar mais mil integrantes da reserva da Brigada Militar pelo programa Mais Efetivo. Temos até sexta para as inscrições, serão chamados no sábado para serem capacitados, receber equipamento, e vão atuar exatamente nestes abrigos. Estamos também em vias de chamar 260 policiais civis (por este mesmo programa).
Números de afetados pela enchente no RS
Na última atualização, por volta das 14h20min desta quinta, Leite afirmou que o Rio Grande do Sul tem 428 municípios afetados, 67.563 mil pessoas abrigadas, 165.112 desalojados, 1.482.066 afetados, 374 feridos e 136 pessoas desaparecidas.
O governador anunciou ainda mudança de parte da estrutura de trabalho atualmente no Centro Administrativo Fernando Ferrari para home office.
— O Centro Administrativo do Estado, que foi afetado pela inundação, terá ainda um período para reestabelecer elevadores e serviços dentro do local. Então, já encaminhamos parte desse grupo de profissionais para fazer o trabalho no home office. Estamos instalando um centro administrativo provisório de emergência no prédio da antiga CEEE. Lá no final da Ipiranga — relatou.
Em meio a isso, as ações de resgate continuam. Inclusive, é o principal esforço do Estado, junto a melhor condição possível para as pessoas que estão em abrigos.
— Temos que dar condições dos abrigos terem divisórias, para respeitar a individualidade das famílias. São centenas de pessoas no mesmo ambiente, estamos falando de 67 mil pessoas. Além disso, estamos orientando os municípios a fazer os devidos levantamentos cadastrais para termos o diagnóstico das famílias atingidas, que vai ser essencial para a definição das políticas públicas nos próximo períodos — explicou o governador.
Até o momento da coletiva, 70.266 pessoas e 9.819 animais já foram resgatados desde o início das enchentes. São mais de 26,7 mil efetivos mobilizados, foram mais mil que vão vir de outros locais do Brasil e os 436 que já chegaram ao RS.
Parte financeiros do Plano de Reconstrução do Estado
Confira a estimativa inicial de impacto financeiro que o governo está realizando, no quesito segurança, além das necessidades de setores econômicos e das famílias que foram atingidas:
- Recursos estimados em reforços de segurança: R$ 217.120.200,00.
- Estrutura de Governo Emergencial: R$ 1.500.000,00.
Planos de assistência aos necessitados
- Abrigos: casas de passagem e aluguel social
- Volta por Cima: benefício extraordinário para população em situação de pobreza e extrema pobreza
- Cofinanciamento da Assistência Social dos Municípios: Atenção Básica, Média e Alta Complexidade e Benefícios Eventuais, além de outros benefícios como o Fomento Rural
- Custeio em saúde: atendimento psicossocial, medicamentos, oxigênio, atenção primária, vigilância, entre outros.
O governo estadual estima mais de R$ 2,5 bilhões em custos extraordinários em abrigos e moradias temporárias, e soluções para o curto prazo às famílias atendidas. Haverá também o investimento de mais de R$ 7 bilhões para o restabelecimento de: desobstrução de vias e construção de acessos alternativos; restabelecimento de serviços essenciais (água, energia e comunicação), limpeza de casas e estabelecimentos; remoção de escombros e destinação de resíduos sólidos urbanos (entulhos) e animais; desmontagem de edificações e estruturas comprometidas.
Para o apoio à agricultura, empresas, escolas, estruturas governamentais, moradias, pontes, unidades de saúde e recomposição de áreas degradadas, são aproximadamente R$ 8,9 bilhões em recursos estimados. No total, conforme Leite, a estimativa preliminar do governo o Rio Grande do Sul é de R$ 18.839.405.981,94 bilhões de investimento para o plano de reconstruir o Estado.