Tiveram início na manhã desta segunda-feira (8) os depoimentos de familiares e colegas de Murilo Vieira dos Santos, trabalhador rural de 24 anos eletrocutado por um fio solto, de responsabilidade da CEEE Equatorial, na última quinta-feira (4). Ele se deslocava para um rodeio no interior de Bagé, na Campanha, e não percebeu o cabo rompido no chão ao passar por uma estrada vicinal. Santos montava uma égua que pisou sobre o fio e, ao sofrer o choque, tombou por cima do peão, que acabou eletrocutado.
Conforme o delegado Caio Rodolfo Imamura, titular da 2ª Delegacia de Polícia do município, as oitivas, que começariam na sexta-feira (5) mas foram adiadas a pedido da família da vítima, devem se estender ao longo desta semana.
Em paralelo, a polícia aguarda um relatório da CEEE Equatorial que deverá esclarecer, entre outras coisas, quantas solicitações foram feitas à empresa para que o fio fosse retirado e de que maneira a concessionária respondeu aos contatos. Até o momento, a investigação já identificou ao menos dois chamados, feitos na noite anterior ao fato.
— Pelo que nos foi passado, as solicitações passam primeiro pela central de Porto Alegre e depois são encaminhadas a uma equipe ao local. Mas apenas com o relatório saberemos como se deu o processo. A partir daí, poderemos chamar membros da empresa para depor — afirma o delegado.
A descarga elétrica que vitimou Murilo ocorreu por volta das 10h30min, mas a energia só foi desligada em torno das 13h30min. A investigação já apontou que a primeira equipe que chegou ao local não portava luvas, alicate nem escada para desenergizar a rede de alta tensão.
A polícia também aguarda laudo do Instituto-Geral de Perícias para detalhar as causas da morte.
O inquérito tem prazo de 30 dias para ser encerrado, podendo ser ampliado por mais 30.
O caso
Murilo morreu quando levava 50 cabeças de gado para uma prova de tiro de laço que ocorreria na sexta-feira. Ele e três amigos conduziam o lote a cavalo por uma estrada vicinal da localidade do Passo da Alexandrina, a cerca de 15 quilômetros do centro de Bagé.
Um colega dele relatou a GZH que o jovem estava à frente dos demais e não viu o cabo rompido no chão. Quando a égua que montava pisou no fio, caiu sobre o peão, que por sua vez ficou em cima do cabo. Ele ainda pediu ajuda aos amigos, que também sofreram descargas elétricas por indução. Murilo, sua égua e o cavalo do laçador morreram no local.
O que diz a CEEE Equatorial
A concessionária se manifestou por meio de nota:
"A CEEE Equatorial esclarece que, diferentemente do que vem sendo noticiado, a rede de energia elétrica em Bagé foi desligada oito minutos após o responsável pelas equipes da região receber o chamado, às 11h50 do dia 04/04. O procedimento aconteceu por telecomando, de forma imediata, quando ainda estava em deslocamento. Ao chegar, a rede já se encontrava desligada e ele acionou uma equipe de eletricistas, que foi até o local e aguardou o trabalho da perícia para, depois, trabalhar na recuperação da rede e restabelecimento da energia.
A empresa reforça que lamenta profundamente o ocorrido e solidariza-se com a família de Murilo Vieira dos Santos, tendo prestado apoio e suporte aos familiares.
A CEEE Equatorial colabora com as investigações e aguarda, com prudência e responsabilidade, os desdobramentos dos fatos".