Três adutoras da Corsan romperam nesta terça-feira (30) em Santa Maria, na Região Central, prejudicando o abastecimento de água da cidade. Conforme a prefeitura, sete caminhões-pipa serão deslocados. Com a enxurrada, romperam-se três das quatro tubulações do sistema onde é feita a captação de água no Rio Ibicuí. O problema impede a chegada de água à estação de tratamento.
— São quatro adutoras, que são as tubulações de um diâmetro maior, que abastecem Santa Maria. Dessas quatro, nós estamos com uma operando que capta na barragem do DNOS. Ela consegue abastecer em torno de 30% da cidade. Como nós estamos fazendo esse trabalho de manobra dos registros, das nossas válvulas redutoras de pressão, a ideia é não ficar só um ponto abastecido e outros desabastecidos. Então vai acabar afetando toda a cidade em diferentes horas — explicou o gestor de Relações Institucionais da Corsan, João Corim.
A orientação do Executivo é para que a população faça uso racional da água, economizando o que for possível. Ainda não há previsão da chegada dos caminhões-pipa, uma vez que as estradas estão bloqueadas em razão da chuva.
Segundo a prefeitura, equipes seguem trabalhando para encontrar alternativas. Uma das possibilidades estudada é aumentar a vazão, já no limite, da Barragem do DNOS, onde também é captada água para abastecer o município.
Santa Maria possui três barragens: a do DNOS, que está operando, a Rodolfo Costa e Silva, onde acabou rompendo uma dessas tubulações maiores, e a Saturnino de Brito.
Um vídeo que circula nas redes sociais indicaria que uma das barragens da cidade rompeu. Entretanto, conforme as autoridades, o vídeo não é de nenhuma das estruturas de Santa Maria e não há risco de rompimento.
— As três barragens que abastecem Santa Maria, elas são monitoradas. Nesse momento, não tem nada que venha a romper. O que tem é um volume acima da média devido à questão das chuvas que está afetando toda a região central — destacou João Corim, da Corsan.
De acordo com a Defesa Civil municipal, o acumulado das últimas 24 horas já atingiu 220 milímetros. As pessoas que estão deixando as casas estão sendo levadas para o Ginásio Gisele Borin, no Centro Desportivo Municipal (CDM). A previsão da prefeitura é de que cerca de 30 pessoas sejam encaminhadas ainda nesta terça ao local.
Aulas e serviços suspensos
O Rio Vacaí-Mirim está com o nível máximo de vazão. As aulas estão suspensas em 30 escolas da rede municipal e na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O serviço de coleta seletiva está suspenso na cidade, assim como o atendimento em 11 unidades de saúde. O turno estendido no Centro Social Urbano, que ocorreria à noite, está cancelado.
Os eventos Marcha para Jesus e Corrida Do Sesi 2024 — Santa Maria, ambos previstos para quarta-feira (1º), foram adiados.
Nove pontes estão bloqueadas
Há bloqueios nas vias do centro da cidade e arredores.A última atualização da prefeitura aponta que ao menos nove pontes apresentam problemas e estão com acesso interrompido. São elas:
- Dos Banhados (entre São Maria e São Gabriel, no distrito de Santa Flora)
- Arroio Lobato (no distrito de Arroio Grande)
- Ponte do Campestre (Campestre do Menino Deus)
- Estrada Municipal Norbero José Kipper (Camobi)
- Rincão dos Barbosa (distrito de Santo Antão)
- Do Caranguejo (distrito de Santa Flora)
- Três Barras (distrito de Arroio Grande)
- Estrada da Invernadinha (distrito de Arroio Grande)
- Rua Professor Fontoura Ilha (Vila Schirmer)
Os estragos acontecem em diversos bairros e distritos. Bombeiros atendem, desde o início da madrugada, casos de pessoas ilhadas. Pela manhã, as forças policiais atuaram no resgate de 29 famílias na Vila Figueira, no bairro Camobi. No bairro Campestre do Menino Deus, os arroios da região transbordaram e atingiram muitas residências. Também há ocorrência de inundação na Estação dos Ventos, nas casas junto ao Rio Vacacaí-Mirim, no Km 3, e Vila Ipiranga, no Passo das Tropas. Moradores da localidade de Linha Sete, no distrito de Palma, estão isolados.
No distrito de Arroio Grande, houve deslizamento de barranco próximo à Escola Indígena Kaingang; queda de árvores e deslizamento de terra na Estrada de Canudos, na subida para a Aldeia Kaingang.
— Nós estamos buscando formas junto aos Bombeiros de chegar no local, visto que as vias estão interrompidas e as pontes que dão acesso romperam, colapsaram. Agora, estamos buscando apoio dentro da Base Aérea de Santa Maria para um helicóptero chegar no local e fazer o socorro dessas pessoas — explicou Adão Lemos, coordenador da Defesa Civil de Santa Maria, em entrevista ao Gaúcha Mais.
A orientação é para, quem puder, se dirigir a lugares mais altos da cidade.
— Quem puder ir para um local mais alto e sair, que saiam. Aquelas pessoas que estão em locais que têm correnteza muito forte, não saiam. Procure abrigo no lugar mais alto da sua casa, até mesmo no telhado, que estamos fazendo o socorro dessas pessoas — alertou Adão lemos.