A semana em Santa Maria é de dor e lembranças pelos 11 anos do incêndio da boate Kiss, que matou 242 pessoas e deixou feridas 636. Diversas entidades organizaram manifestações para marcar o luto pela tragédia, ocorrida em 27 de janeiro de 2013 e que até hoje não teve responsáveis julgados (um júri, realizado em 2021, foi anulado). O novo julgamento de quatro acusados por múltiplos homicídios está marcado para 26 de fevereiro.
As manifestações são organizadas por entidades como o Coletivo Kiss: Que não se repita (KQNSR) e a Associação de Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Uma tenda foi montada para vigília, na Praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria. Ali, estão expostos objetos de jovens que morreram no incêndio, como tênis, violões, roupas e retratos. Desde terça-feira (23), foram colocadas placas com nomes de algumas vítimas em frente ao prédio onde funcionava a boate Kiss, na Rua dos Andradas, também na área central da cidade. As placas, em preto, exibem frases como "Eu não sou apenas um número" ou "Vítima 007".
As placas serão colocadas até sábado (27) em outros pontos significativos da cidade, com o objetivo de criar memória coletiva e conscientização. Um dos locais é o Centro Desportivo Municipal (CDM), apelidado de "Farrezão", onde ocorreu o maior velório coletivo da história gaúcha — o das vítimas da Kiss —, em 2013. A homenagem ali acontece nesta quinta-feira (25). As intervenções, sempre homenageando mortos, se repetirão no Hospital de Caridade e na Avenida Rio Branco (sexta-feira, 26) e no prédio da boate (sábado, 27).
— Esse ano estamos com a ação "Eu não sou apenas um número". É a forma de mostrar que cada um dos 242 significa uma vida, um sonho, uma família e um amigo que ficou. Continuamos na luta por eles, eram pessoas cuja vida foi tirada naquele 27 de janeiro. Para que um massacre como esse não volte a acontecer — resume Cindi Caroline Cesar Chaves, do Coletivo Kiss: Que não se repita.
A madrugada de sábado, 11º aniversário da tragédia, será marcada por uma caminhada de familiares e amigos de vítimas até o prédio onde funcionava a Kiss. Às 2h30min, sob badalar de sinos, serão lidos os nomes dos 242 mortos. Ainda nesse dia, ao entardecer, palestras serão realizadas num palco em frente à antiga boate, com relatos de sobreviventes, de especialistas em legislação sobre incêndio e inclusive relatos de familiares de pessoas vitimadas por outras tragédias, como a do incêndio no centro de treinamento do Flamengo (RJ) e do rompimento da barragem de Brumadinho (MG).
Algumas atividades programadas por entidades de familiares de vítimas
- Quinta-feira (25) — Exposição de objetos e fotos das vítimas, em tenda na praça Saldanha Marinho. Colocação de placas com nomes de vítimas, no Centro Desportivo Municipal (CDM), das 11h30min às 13h30min
- Sexta-feira (26) — Intervenção com nomes de vítimas, no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, das 11h30min às 13h30min
- Sexta-feira (26) — Intervenção com nomes de vítimas na Avenida Rio Branco, das 21h à meia-noite
- Sábado (27) — Caminhada até o prédio da boate Kiss, na madrugada. Leitura dos nomes dos mortos na danceteria. Palestras de sobreviventes do incêndio e de outras tragédias ocorridas no país