A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu as operações dos aviões Boeing 737 MAX 9 neste domingo (7), após o regulador de segurança aérea dos Estados Unidos afirmar que algumas dessas aeronaves serão submetidas a inspeção. Na sexta-feira (5), um desses modelos perdeu um módulo da fuselagem em pleno voo.
"A Diretriz de Aeronavegabilidade da Federal Aviation Administration (FAA), autoridade de aviação dos Estados Unidos, emitida em relação à aeronave Boeing 737 MAX 9 determinou a suspensão imediata das operações com o modelo, o que se aplica automaticamente também às operações no Brasil. No Brasil, apenas a Copa Airlines opera o Boeing 737 MAX 9 em voos internacionais com chegada e partida no Aeroporto de Guarulhos/SP. A empresa aérea já anunciou a suspensão das atividades com a aeronave para a revisão técnica necessária até que haja a liberação para retorno ao serviço", declarou a agência em comunicado à imprensa neste domingo (7).
Não há registros de voos da Copa Airlines que usam o Boeing 737 MAX 9 e partem ou saem de outros aeroportos do Brasil, incluindo o de Porto Alegre. As linhas da Copa Airlines que embarcam e desembarcam no Salgado Filho usam um avião Boeing 737-800, modelo diferente do MAX 9, nas linhas que vão até a Cidade do Panamá.
"A empresa está trabalhando para minimizar os impactos para os passageiros e a ANAC monitora esse processo. Não há necessidade de decisão adicional por parte da ANAC em relação à suspensão das operações com o Boeing 737 MAX 9. A Agência segue acompanhando, junto à FAA, a aplicação da referida Diretriz de Aeronavegabilidade", completa a nota.
A Administração Federal de Aviação (FAA) solicitou "uma inspeção imediata de alguns aviões Boeing 737 MAX 9 antes que possam voar novamente". A diretiva afeta cerca de 171 aeronaves em todo o mundo e que cada inspeção demorará entre quatro e oito horas.
Alaska e United Airlines são as companhias aéreas que possuem o maior número de MAX 9. Outras companhias aéreas, como Icelandair, Turkish Airlines, Aeromexico e Copa possuem frotas menores dessas aeronaves.
O voo 1282 da Alaska Airlines decolou de Portland, na costa oeste dos Estados Unidos, na sexta-feira e enquanto estava no ar um módulo com uma janela, uma espécie de tampão, se soltou e a cabine perdeu pressão. O incidente, ocorrido às 17h locais, obrigou o avião que transportava 177 passageiros a voltar ao aeroporto.
Imagens publicadas nas redes sociais mostraram uma janela quebrada e máscaras de oxigênio penduradas no teto do aparelho.
Kyle Rinker, passageiro do voo afetado pelo incidente, disse à CNN que a janela explodiu logo após a decolagem. Outra passageira, Vi Nguyen, disse ao The New York Times que acordou com um estrondo.
— Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi a máscara de oxigênio bem na minha frente. Olhei para a esquerda e o painel lateral do avião sumiu — disse Nguyen ao jornal americano.
Segundo o site FlightAware, o Boeing 737 Max 9 decolou às 17h07, com destino a Ontário, e retornou ao aeroporto de Portland cerca de vinte minutos depois. O avião foi certificado em outubro, de acordo com registros da FAA disponíveis online.
A Boeing entregou cerca de 218 aeronaves 737 MAX 9 em todo o mundo até o momento, disse a empresa à AFP.
"A segurança é a nossa principal prioridade e lamentamos profundamente o impacto que este evento teve sobre os nossos clientes e seus passageiros. Uma equipe técnica da Boeing está a apoiando a investigação das autoridades sobre o ocorrido", afirmou a Boeing em comunicado.
Companhias afetadas
A Alaska Airlines, que suspendeu todas as suas aeronaves desse modelo, informou no sábado (6) que mais de um quarto de sua frota Max 9 já foi inspecionada, sem nenhuma irregularidade relatada. A United Airlines, que possui a maior frota mundial de 737 MAX 9, indicou que deixou 46 aviões no solo e que 33 já foram verificados.
A Aeroméxico suspendeu todas as suas aeronaves desse modelo e a Copa Airlines anunciou que imobilizou 21 aeronaves. A Turkish Airlines anunciou neste domingo que havia imobilizado cinco aeronaves de sua frota. A Icelandair afirmou que nenhum de seus 737 MAX 9 apresenta a configuração de aeronave especificada na ordem de imobilização da FAA.
Os aviões 737 MAX da Boeing haviam sido suspensos em todo o mundo após dois acidentes do MAX 8 em 2018 e 2019, que deixaram 346 mortos.