A maior parte das rodovias gaúchas analisadas na edição 2023 da pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) apresenta problemas. Duas foram avaliadas como péssimas e apenas uma ganhou o selo de ótima. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (29).
Entre as piores situações observadas na malha gaúcha está a RS-440, em Triunfo, com estado geral classificado como péssimo. Essa via conta com apenas 9 quilômetros de extensão e faz uma ligação entre a BR-470 e outras vias da região.
Outra rodovia com avaliação negativa é a RS-324, que ganhou o status de ruim, com problema mais acentuado no traçado da via, considerado péssimo. A estrada tem um papel importante, cruzando municípios do norte do Estado, como Passo Fundo. Além de problemas no pavimento, a RS-324 também apresenta trechos sinuosos.
— A rodovia além de não ter acostamento, possui muitos quebra-molas. Também com pista única e com muita curva deixa o trecho ainda mais perigoso. Em dias de chuva esse perigo também redobra – relata o motorista João Pedro Deporte da Silva ao descrever a RS-324, no trecho entre Passo Fundo e Marau.
No outro lado da tabela, apenas a BR-448 foi considerada ótima. Com somente 22 quilômetros, a estrada é uma das alternativas à BR-116, ligando a Capital ao Vale do Sinos e à BR-386.
Esse recorte da CNT leva em conta a média das estradas, não observando apenas trechos específicos. Confira, ao final, os contrapontos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Secretaria Estadual de Logística e Transportes.
Ranking nacional
O Rio Grande do Sul não conta com rodovias entre as 10 melhores rodovias do país. Nesse levantamento, a CNT analisa trechos de estradas. As melhores colocadas são as BRs 101, em Torres, e a freeway, trecho da BR-290 que liga Porto Alegre a Osório, no Litoral Norte. O trecho gaúcho da BR-101 ficou na 13º colocação da lista. Já a freeway aparece logo em seguida na 14º posição. No ano passado, essa rodovia ocupou a 7º posição.
O que diz o Dnit
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) enviou uma nota para comentar o resultado da pesquisa da CNT. Confira a íntegra abaixo:
"O DNIT informa que monitora mensalmente a condição da malha rodoviária sob sua jurisdição e trabalha para garantir o melhor nível de serviço dentro da disponibilidade orçamentária. Esse monitoramento é realizado por uma metodologia própria de avaliação das condições da manutenção do pavimento e da conservação das rodovias federais em todo o país. O Índice de Condição da Manutenção (ICM) tem o objetivo de manter uma radiografia atualizada das condições da malha federal sob jurisdição da autarquia, que considera a situação da pista, sinalização, funcionamento dos dispositivos de drenagem, entre outros itens. O ICM é dividido em quatro faixas classificadas como: bom, regular, ruim e péssimo. O monitoramento do ICM busca ainda utilizar as informações apuradas na tomada de decisões sobre investimentos.
A partir de um planejamento integrado, de valorização da gestão técnica e ampliação dos investimentos do Governo Federal ao longo deste ano foi possível assegurar a manutenção da malha rodoviária e dar celeridade ao andamento de obras estruturantes em todo o país.
No Rio Grande do Sul, o DNIT administra aproximadamente 4,8 mil quilômetros de rodovias, sendo que 99,4% está coberto por algum tipo de contrato (manutenção/conservação, restauração ou construção), garantindo a trafegabilidade das rodovias em condições adequadas.
Conforme o último levantamento realizado pelos técnicos da autarquia (outubro/23), em mais de 3,2 mil quilômetros das rodovias (68%) o ICM apontou que as condições são boas; cerca de mil quilômetros (22%) estão regulares e 322 quilômetros (7%) foram classificadas como ruins. O monitoramento aponta que houve melhora nas rodovias gaúchas sob administração do DNIT no comparativo com o mesmo período do ano passado quando o índice Bom era de 59%, Regular era 26% e Ruim 13%.
Importante destacar que o Rio Grande do Sul desde o mês de julho vem sofrendo com condições climáticas severas - como ciclones extratropicais e chuvas intensas -, que estão afetando o avanço do índice. Contudo, a autarquia salienta que em boa parte dos casos, os trechos estão sendo liberados rapidamente e os reparos realizados de forma emergencial por meio dos contratos de manutenção rotineira vigentes nas respectivas rodovias.
O ICM pode ser acompanhado no site do DNIT, por meio do link: www.gov.br/dnit/pt-br/rodovias/mapa-de-gerenciamento".
O que diz a Secretaria de Logística e Transportes do RS
A pasta responsável pelas rodovias estaduais do RS se manifestou por meio de nota. Veja a íntegra:
"Os números da mais recente pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) sobre condições das rodovias no Brasil demonstram o acerto da política do Governo do Estado do Rio Grande do Sul de aumentar os investimentos em estradas nos últimos anos.
No estudo, a CNT aponta a necessidade de destinação permanente de recursos para rodovias. Desde 2021 até o momento, o Rio Grande do Sul destinou R$ 2,5 bilhões para obras em estradas estaduais. Nos 10 anos anteriores, a média anual de investimentos era de R$ 150 milhões.
Apenas neste ano, mais R$ 540 milhões foram aportados como recurso extra no Plano de Investimentos em Rodovias, totalizando R$ 796 milhões destinados à aceleração de obras em andamento, início de novos acessos municipais e recuperação de rodovias afetadas pelas chuvas.
O levantamento da CNT leva em conta dados de todo o Brasil. No estado, analisa a situação de rodovias federais, estaduais e mesmo municipais, o que impacta nos dados finais. Os resultados apontam estabilidade em termos de qualidade de pavimentação de rodovias estaduais, mesmo em um ano com chuvas em sequência e muitos dias úmidos, principalmente a partir do ciclone de junho e das enchentes dos meses seguintes, que afetaram a realização das obras de conservação de rodovias."