Na areia em frente à danificada plataforma de Atântida, pescadores, surfistas, moradores e membros das associações Atlântida Pró-Surfe (APS) e dos Usuários da Plataforma Marítima da Atlântida (Asuplama) se reuniram para um manifestação, na tarde deste domingo (15), por volta das 15h.
O grupo demanda mais atenção e recursos públicos e privados para a estrutura. Além de ser um dos cartões-portais de Xangri-lá, no Litoral Norte, a plataforma é um destino para a prática da pesca e do surfe — esportistas costumam usar a água debaixo ou ao lado para acessar o mar com mais facilidade.
Durante a madrugada de domingo (15), a estrutura que dá acesso ao restaurante Boteco da Platô se rompeu. Segundo o diretor da associação Atlântida Pró-Surfe (APS), Fabio Dutra, o problema está fazendo com que haja uma união inédita de surfistas e pescadores.
— A relação entre eles sempre foi conflituosa, mas, neste momento, todos estão unidos em torno da plataforma. Estamos nos manifestando para ver se conseguimos aportar o dinheiro para manutenção. Ela é um dos atrativos da cidade e, nos últimos dois anos, tem reunido campeonatos da elite brasileira do surfe — disse Dutra, da Atlântida Pró-Surfe (APF).
A plataforma foi construída por uma família no início dos anos 1970 e, posteriormente, vendida a um grupo de interessados que formou a associação em 1975. A Asuplama é responsável por administrar a plataforma e, segundo o presidente, Jose Luis Rodrigues Rabadan, o dinheiro para manutenção provém das mensalidades dos associados e da visitação, que custa R$ 10 para maiores de 12 anos.
Rabadan argumenta, no entanto, que o dinheiro é insuficiente para pagar a folha de funcionários e os reparos que são necessários constantemente. Esta não é a primeira vez que a estrutura é danificada.
— O braço sul da plataforma já havia ruído em 1997 e, com isso, mais eventos consecutivos de ressaca que nos forçaram a pedir chamadas extras, fomos perdendo mais e mais associados. Sempre tivemos pouco apoio do setor empresarial e nunca tivemos nenhum apoio do município por conta das dificuldades do repasse de dinheiro público para o privado. Só repassam mediante acordo, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que é o que estamos tentando fazer há três anos, sem sucesso — explica Rabadan.
Segundo o administrador, em 2023, houve apenas uma reunião sobre esta demanda, no meio do ano. De lá para cá, não houve nenhum avanço no sentido de possibilitar que o empreendimento receba recursos com a assinatura do documento, que envolve Ministério Público Estadual (MPE), Advocacia-Geral da União (AGU), prefeitura de Xangri-Lá e Asuplama. O valor que era estimado para reforçar justamente a área que veio a pique neste final de semana era de R$ 820 mil. Agora, será necessária uma nova avaliação.
Ainda não há previsão de quando começarão a ser feitos os reparos ou de quando a plataforma poderá ser reaberta, mesmo que parcialmente. Dependerá de novo laudo, que, segundo a associação, só poderá ser realizado após acomodação final da estrutura depois do incidente deste final de semana.
— Acredito que isso poderia ter sido evitado se houvesse mais celeridade nesse processo de assinatura do TAC, porque, uma vez assinado, haveria repasse imediato do valor que a gente precisava. Agora vamos precisar primeiro de uma nova avaliação, por conta do dano que aconteceu, e uma mobilização para além da nossa associação, que reúna sociedade, entidades privadas e principalmente o município e a União — afirma Rabadan.
A associação informa que há cerca de 10 dias identificou rachaduras e já fez uma interdição parcial da plataforma, com a colocação de tapumes no meio do corredor que antecede o acesso ao restaurante Boteco da Platô. Na semana passada, um engenheiro fez uma análise estrutural, que determinou serviço urgente de manutenção. Os trabalhos estavam pausados quando houve o desabamento.
— Foi mobilizada uma equipe que iria trabalhar na contenção da estrutura do restaurante de quinta (12) até hoje (15). Eles sabiam que parte do piso deveria ceder, não teria como salvar. Eles estavam executando esse serviço quando viram que não daria mais para fazer a contenção pois a estrutura estava entrando em colapso. Nós evacuamos toda a plataforma e a interditamos na sexta-feira (13) — conclui o presidente da Asuplama.
Mais cedo, a prefeitura de Xangri-lá informou que não tem responsabilidade sobre a plataforma, já que a estrutura é de propriedade particular. Entretanto, em entrevista, o prefeito Celso Bassani Barbosa afirmou que contataria o Ministério Público para avaliar se poderia ter alguma gerência para realizar investimentos.