A polícia civil de Minas Gerais e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) estão investigando um possível furto de duas fontes de Césio-137 que estavam na mineradora AMG, na cidade de Nazareno, em Minas Gerais. Segundo comunicado da empresa, os equipamentos teriam desaparecido na última quinta-feira (29). As informações do site do governo federal.
Assim que a ausência das fontes radioativas foi percebida, os trabalhadores da mineradora acionaram a polícia, os órgãos de fiscalização e fizeram um boletim de ocorrência. Em nota, a AMG declarou que "leva esse incidente muito a sério e lamenta profundamente qualquer preocupação que possa causar às comunidades vizinhas. Como a segurança e o bem-estar de todos os indivíduos nessas áreas são prioridade, a empresa enfatiza que está fazendo todos os esforços possíveis para resolver a situação o mais breve possível".
A mineradora também tranquilizou os habitantes da cidade, alegando que as fontes furtadas, confeccionadas em material cerâmico, foram duplamente encapsuladas com aço inoxidável e blindadas externamente em aço inox, que é resistente a impactos. Em razão disso, esses equipamentos oferecem baixo risco, apesar de que o manuseio inadequado pode ser perigoso, conforme ressalta a empresa.
Para efeitos de comparação, as atividades dessas fontes de Césio-137 são cerca de 300 mil vezes menor do que as do aparelho de radioterapia que infectou centenas de pessoas em Goiânia, há 35 anos.
Cabe destacar que o Césio-137 é um elemento radioativo que pode gerar problemas a organismos vivos devido a emissões de partículas alfa e beta.
Técnicos do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), da CNEN, foram até o local na última sexta-feira (30) para levantar informações sobre o possível furto e verificar as ações dos técnicos de radioproteção da empresa.
A mineradora também pede ajuda da população para que forneça informações a respeito das fontes supostamente furtadas e se prontificou a esclarecer as dúvidas sobre o caso, bem como o nível de perigo de contaminação das fontes junto às comunidades vizinhas.
Caso de 1987
Em setembro de 1987, ocorreu o maior acidente radiológico do Brasil, em Goiânia. Na ocasião, o manuseio incorreto de um aparelho de radioterapia abandonado, que estava no local onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, gerou um acidente que envolveu direta e indiretamente centenas de pessoas.
O equipamento continha cloreto de césio, um composto químico de alta solubilidade. Sua meia-vida, ou seja, período de tempo em que a concentração é reduzida pela metade, é de 33 anos.
Com a violação da fonte, foram espalhados no meio ambiente vários fragmentos radioativos do isótopo de césio na forma de pó azul brilhante, o que gerou a contaminação de diversos locais, incluindo onde o equipamento estava e para onde foram levadas as partes do aparelho de radioterapia. Ao todo, esse acidente gerou 3,5 mil metros cúbicos de lixo radioativo, desencadeando mortes e problemas de saúde a longo prazo para a população afetada.