Duas dezenas de cavalarianos de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, se reuniram por volta das 5h desta Sexta-feira Santa (15) para uma cavalgada atrás da macela, colhida antes dos primeiros raios de sol, como manda a tradição. De acordo com a fé de quem retira os ramos, a erva coberta com orvalho tem fins milagrosos.
Os amigos pertencem ao Piquete Heranças do Sul, também sediado em Canoas.
— A tradição começou com nossos avós e nossos pais. E a gente segue, em busca da erva milagrosa — afirma Rogério Diogo Dias, tesoureiro do piquete.
O grupo deixou a hospedaria onde os equinos ficam resguardados, no bairro Olaria, por volta das 6h. Uma bandeira do Rio Grande do Sul foi hasteada antes do passeio, e o Pai Nosso rezado para pedir proteção no trajeto.
Pela faixa da direita, escoltados por um automóvel, eles percorreram a Estrada Passo do Nazário, vizinha a um extenso matagal. Próximo à Penitenciária Estadual de Canoas, ingressaram na vegetação.
Estreante na cavalgada, o menino Miguel, de 6 anos, garantiu ter deixado a cama por conta própria.
— Não tô com sono — diz, sobre o cavalo, abraçado pelo pai, Flávio Ferraz, 49.
— Foi mais fácil tirar da cama do que se fosse pra ir pra aula — complementa o pai.
O almoço do feriado também será em conjunto, no galpão do piquete, com peixe assado regado a vinho.
— A gente se agarra a fé, reúne gente de outras cidades nesse encontro de amigos, em uma verdadeira sexta-feira abençoada — finaliza Jaider de Almeida, 47 anos.