Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) descobriram, através de um novo fóssil, que o esqueleto dos dinossauros demorou mais do que o esperado para se adaptar ao tamanho corpóreo. O estudo foi publicado na última sexta-feira (11) no periódico norte-americano Journal of Vertebrate Paleontology.
Os dinossauros foram os maiores animais terrestres que já andaram pelo planeta Terra, com algumas espécies chegando a passar de 30 metros de comprimento e pesando dezenas de toneladas. Porém, nem sempre foi assim, já que no momento em que os dinossauros surgiram, por volta de 233 milhões de anos atrás, eles eram muito menores, tendo em média 1,50 metro de comprimento e pesando entre sete e 10 quilos.
Os exemplares encontrados em sítios fossilíferos com cerca de 225 milhões de anos chegavam a medir cerca de quatro metros de comprimento e pesar mais de 100 quilos. Esse aumento de tamanho em um intervalo de 8 milhões de anos exigiu uma série de mudanças no esqueleto, o qual precisou suportar mais peso e enfrentar novos desafios relacionados ao balanço de seu corpo — essas adaptações já haviam sido identificadas pelos pesquisadores, mas ainda restam dúvidas a respeito do momento em que elas surgiram e em que ordem que isso ocorreu. Para saber disso, são necessários fósseis que preencham essa lacuna de 8 milhões de anos.
Justamente em um sítio fossilífero com o intervalo necessário para fazer a descoberta, o paleontólogo do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia da Universidade Federal de Santa Maria (CAPPA/UFSM), Rodrigo Temp Müller, identificou, em 2021, um esqueleto no município de Agudo, na Região Central do Rio Grande do Sul. Também participou do estudo o biólogo e estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM Maurício Silva Garcia.
O fóssil pertence a um dinossauro com pouco mais de 2,20 metros de comprimento. Através da descoberta, foi possível investigar o que estava acontecendo com o esqueleto desses animais durante a fase em que eles começaram a crescer. Por causa da falta de certos ossos, não foi possível identificar a espécie à qual o fóssil pertence. Mesmo assim, a análise indicou que o exemplar deveria pesar cerca de 21 quilos — o que corresponde a aproximadamente três vezes mais do que os dinossauros encontrados em sítios fossilíferos um pouco mais antigos.
Por outro lado, um resultado inesperado mostrou que, mesmo apresentando esse nítido aumento no tamanho e no peso, o esqueleto carece de adaptações observadas em formas maiores. Por exemplo: os ossos são delgados, as pernas mantêm a típica configuração observada em animais corredores e as estruturas de fixação muscular ainda apresentam a forma idêntica a encontrada nos dinossauros menores.
O estudo revela que as mudanças ocorreram em um intervalo de tempo mais reduzido do que o esperado e também que a configuração do esqueleto das formas menores foi capaz de suportar o aumento da massa corpórea durante o início da evolução do grupo. A descoberta revela que os dinossauros estavam crescendo gradualmente durante o início da evolução da espécie, porém, as mudanças mais significativas relacionadas ao aumento do peso ocorreram somente próximas do momento em que eles passaram de 100 quilos.