A tarde do sétimo dia de júri dos acusados pelo incêndio na boate Kiss, que deixou 242 mortos em Santa Maria em 2013, começou com o depoimento da arquiteta Nivia da Silva Braido. Ela foi sondada por Elissandro Spohr, o Kiko, sócio da casa noturna, para fazer obras estéticas na danceteria, mas nunca as realizou.
Nivia foi redefinida de testemunha para informante por ter sido namorada de um advogado da associação de vítimas e familiares da Kiss. Com isso, ficou desobrigada de dizer a verdade. Arrolada pelo Ministério Público, fez algumas declarações que provocaram desconforto nos réus, especialmente nos ex-sócios da boate.
Uma delas é que Kiko teria admitido a ela ter realizado obra na danceteria sem responsável técnico. A arquiteta afirmou ter alertado que isso poderia causar problemas diante de uma fiscalização.
Nivia era cliente da Kiss e diz que, por isso, foi sondada por Kiko para realização de um trabalho arquitetônico na boate, mas não chegaram a um acerto quanto ao preço.
— Fui procurada pelo Kiko através de uma rede social. Ele disse que queria trocar o papel de parede da boate e que estava fazendo uma reforma no local, por conta própria. Ele disse que já tinha gastado R$ 130 mil em modificações internas.
Segundo Nivia, algumas indicações feitas por ela foram implementadas na reforma, como o papel de parede. As espumas — que acabaram pegando fogo e propagando o incêndio — não foram recomendadas por ela, assegurou a depoente.
Após a reforma, ela disse ter frequentado a boate mais três vezes. Questionada pelo Ministério Público a respeito de efeitos luminosos na boate, ela declarou:
— O uso de artefatos pirotécnicos era algo habitual. Era normal ter shows com pirotecnia nas boates, inclusive na Kiss.
O depoimento de Nivia foi rápido e terminou às 14h30min.