Caminhoneiros que passam pela BR-116, em Jaguarão, no sul do Estado, têm relatado dificuldades ao passar pela fiscalização da Receita Federal. Para seguir viagem, os veículos que vêm da fronteira com o Uruguai precisam ter as mercadorias e documentação inspecionados. No entanto, com o pátio da Receita lotado, os veículos são obrigados a permanecer estacionados no acostamento da rodovia durante quase uma semana.
A área administrativa responsável pelas cargas que entram no porto da cidade é concedida à empresa Multilog. Conforme o gerente da unidade de Jaguarão, Roberto Gomes, as filas ao longo da rodovia começaram após o feriado de 20 de setembro e somaram-se a outros motivos.
— O porto não teve expediente no feriado, então alguns caminhões tiveram que aguardar. De lá para cá, muitos veículos permanecem no pátio (da Receita) mesmo depois de liberados. Por isso, estamos conversando com os caminhoneiros e transportadoras para saírem do local. Além disso, houve aumento da safra uruguaia, o que ocasionou maior movimentação de cargas — explica Gomes.
A safra vinda do Uruguai representa um grande número de carregamentos de soja e arroz, mas também de produtos perecíveis, como frutas e carne. De acordo com Gomes, mudanças nos processos de liberação têm feito com que essas cargas, que antes eram liberadas em dois dias, agora demorem até oito dias para serem autorizadas.
— O porto seco tem uma capacidade limitada. Ele foi construído para uma movimentação de carga de 40 anos atrás. Hoje, temos uma demanda muito maior com a mesma estrutura — salienta o gerente.
Ao longo da BR-116, as filas, em ambos os sentidos, chegaram a acumular cerca de cem caminhões. Em um deles, está Uilson Carlos de Souza, 46 anos:
— Além do tempo de espera, estamos sem segurança alguma. Ficamos mal estacionados, ao lado da rodovia. Tem caminhões maiores que chegam a ficar com parte dentro da pista. Não temos banheiro nem nenhuma condição.
Nesta terça-feira (28), motoristas estavam sendo orientados a entrar no pátio da Receita em grupos de 10 caminhões por vez. Apesar de não ser permitido a permanência por longos períodos no acostamento, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não multou os caminhoneiros. Além disso, informa que "está realizando as devidas intervenções para minimizar os impactos na BR-116" e que aguarda uma solução em menor tempo possível.
GZH tentou contato com a superintendência da Receita Federal em Jaguarão, mas ainda não obteve retorno.