O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar o atraso nas entregas pelos Correio no Rio Grande do Sul. A apuração terá como base reportagem de GZH revelando que a empresa tinha, até 30 de julho, 10.691.123 correspondências represadas.
Conforme o MPF, “já existem situações pontuais, das quais tomou conhecimento, de pontos de entrega deficiente em municípios da região metropolitana, inclusive Porto Alegre”. Acrescenta, no entanto, que diante das informações reveladas, abrirá um novo procedimento.
O dado obtido por GZH consta no sistema de controle interno da empresa. São 10.396.969 chamadas cargas simples, ou seja, cartas que possuem um comprovante para que o remetente controle se o destinatário a recebeu. Nesse volume, estão incluídas faturas de empresas de telefonia, de internet e de planos de saúde, entre outras. Sob anonimato, trabalhadores dos Correios relatam atrasos de mais de seis meses para esse tipo de entrega.
Há, ainda, um total de 294.154 correspondências registradas em atraso, o que inclui vários tipos de postagens. Nesse caso, a prioridade dos Correios tem sido dar vasão às entregas de produtos comprados pela internet em razão do volume dos objetos. Também tem priorizado produtos como Sedex e Sedex 10.
Mas dentro das correspondências registradas, intimações pelo Judiciário por meio de AR (Aviso de Recebimento) e cartões bancários, de lojas e de planos de saúde, por exemplo, estão sendo entregues com atraso.
GZH teve acesso aos dados de alguns itens com registro de demora na entrega. Um deles foi postado no meio de abril em outro Estado e só chegou a uma cidade gaúcha no fim de julho.
O motivo principal, segundo entidades que representam os trabalhadores, é a falta de pessoal. Atualmente, há 97.812 empregados nos Correios, o menor número desde pelo menos 2013, que é o primeiro dado disponível. No Estado, são cerca de 6 mil, sendo cerca de 3,2 mil carteiros. A superintendência gaúcha já teve cerca de 7 mil trabalhadores.
Para tentar amenizar os atrasos, foram contratados cerca de 400 trabalhadores temporários para entrega de correspondências. Eles começaram a trabalhar na segunda-feira (2).
Na quinta-feira (5), a Câmara dos Deputados aprovou projeto que abre caminho para a privatização dos Correios.
GZH aguarda manifestação dos Correios sobre a investigação instaurada pelo MPF.