As equipes que realizam buscas aos dois bombeiros desaparecidos após o incêndio no prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), ocorrido na noite de quarta-feira (14), em Porto Alegre, estão fazendo pela primeira vez o escoramento de estruturas de concreto e metal. Com apoio de engenheiros especializados e cães farejadores, os militares estão neste sábado (17) em um perímetro aproximado de dez metros entre o primeiro andar e o térreo da ala sul do imóvel. O resgate já passa de 60 horas.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militares, tenente-coronel César Bonfanti, informa que desde a sexta-feira (16), entre 50 e 60 servidores conseguiram avançar ainda mais no ponto provável onde podem estar o sargento Lúcio Munhós e o tenente Deroci de Almeida da Costa.
— Temos várias frentes de atuação, mas esta é a mais provável. O pessoal com cães já localizou alguns indícios, avança passo a passo nas aberturas que conseguimos fazer em meio aos escombros — ressalta Bonfanti.
A partir de agora, os trabalhos terão sequência de forma contínua com avaliações estruturais a cada passo para avançar na remoção de material do perímetro delimitado pela indicação da equipes de binômios (quatro duplas de bombeiro militar e cão de resgate). Foi realizado um novo levantamento do prédio com imagens de drone para identificar os pontos de maior fragilidade e a necessidade de escoramento de estruturas de concreto.
Local mais provável
O local mais provável onde estariam os desaparecidos fica entre o térreo e o primeiro andar do prédio. Este ponto, para quem vê o imóvel da Rua Voluntários da Pátria, fica situado na parte que desabou por volta de 23h de quarta-feira, depois que as chamas iniciaram, e junto à torre da ala sul. O coronel Bonfanti diz que há dois acessos para esta localidade: pelos fundos do prédio, em uma área onde funcionava o posto do Banrisul, e também pela frente, atrás de estrutura metálica, um anexo na frente do prédio, onde funcionava o Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI), responsável por serviços como o telefone 190, por exemplo.
Apuração
Além de sindicância interna do governo estadual, a Polícia Civil segue com a investigação para apurar as causas do incêndio. Seis servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) já foram ouvidos. Eles atuavam no quarto andar, onde as chamas teriam iniciado, e foram ouvidos por policiais e peritos criminalistas em conjunto, já que a prova testemunhal é fundamental neste caso. Eles relataram como foi o início das chamas, como tentaram conter e como fugiram, pelas escadas e portas corta-fogo. Também informaram que vários servidores do quadro fizeram há alguns dias um curso de capacitação de combate a incêndio. A chefe de polícia, delegada Nadine Anflor, destaca os próximos passos da apuração:
— A 17ª Delegacia vai requisitar perícias, mas tudo de forma tranquila, já que o foco agora é a localização dos colegas desaparecidos. Depois, em uma segunda etapa, faremos oitivas com os administradores do imóvel, ainda sem data, e também dos primeiros bombeiros que atenderam a ocorrência. Tudo junto com o IGP (Instituto-Geral de Perícias) para identificar as causas e toda a dinâmica do fato.