Morreu na madrugada desta quinta-feira, aos 84 anos, a historiadora e escritora caxiense Loraine Slomp Giron. De acordo com o filho caçula, Felipe, ela não resistiu ao agravamento de um quadro de pneumonia que surgiu há uma semana. Ela estava internada no Hospital da Unimed, onde morreu por volta das 2h. Loraine tinha enfisema pulmonar, doença degenerativa.
Além de Felipe, 58, Loraine deixa o filho Luís Antônio, de 61., e quatro netos. Felipe comenta que nos últimos tempo a mãe estava feliz por ter tomado as duas doses da vacina contra a Covid-19 e também por poder discutir filosofia com o filho mais velho, que recentemente iniciou uma graduação em São Paulo, onde mora.
- Além da família, a grande paixão dela eram os livros. Ela lia o tempo todo e nestes últimos tempos estava adorando poder discutir sobre grandes filósofos com o Luís. Foi uma grande estudiosa, que deixou um legado que não vai se apagar - relata Felipe, emocionado.
Graduada em História e Geografia pela PUC-RS, Loraine ingressou no quadro docente da UCS em 1961. Entre obras individuais ou de coautoria, Loraine tem 16 livros publicados. Alguns dos temas que ela investigou com mais afinco são a história da imigração italiana na Serra e também a importância das populações negras para a região. Também participou, nos anos 1970, da criação do Museu Municipal Maria Clary Frigeri Horn e do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
O reitor da UCS, Evaldo Kuiava, considera Loraine uma referência em ensino de História dentro da Universidade, e destaca a relevância da sua atuação em muitas causas, sempre de forma muito ativa.
- Ela foi uma excelente profissional. Como professora, como líder, defendia as causas de muita gente, sempre em prol daquilo que acreditava. Contribuiu muito com a história da nossa instituição, sendo inclusive presidente da ADUCS (Associação dos Docentes da UCS), entre 1991 e 1992 Uma perda pra todos nós. Fica a nossa imensa gratidão - destaca Kuiava.
Curiosa, perspicaz e carismática
Duas historiadoras com trajetórias reconhecidas em Caxias do Sul, Liliana Henrichs e Vânia Herédia têm em comum o fato de terem sido alunas de graduação e também amigas da professora Loraine Slomp Giron, que faleceu nesta quinta-feira, aos 84 anos. Ao falar sobre o legado deixado pela mestra, ambas ressaltam a personalidade forte e visão crítica da sociedade - em especial da região em que vivia -, mas acima de tudo o carisma.
- Loraine marcou gerações e fez história como mestra, pesquisadora e escritora. Ninguém ficava indiferente a sua forma de dar aulas, muito vibrante, de corpo inteiro, a mente sempre trabalhando. Uma pessoa muito curiosa, perspicaz e que tinha uma contribuição a dar sobre qualquer assunto. Batia na tecla da importância de se cercar de documentos e leituras que permitissem abordar a história por todos os lados para formar uma base sólida. Uma fonte inesgotável de conhecimento _ homenageia Liliana, que também ebeu do conhecimento de Loraine enquanto esteve à frente da Divisão de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria Municipal da Cultura.
A colega de docência na UCS, historiadora Vânia Herédia, também foi aluna de Loraine na graduação. Vânia define o convívio com a mestra como "estimulante" e ressalta o quanto ela ajudou a fazer a diferença na formação de profissionais críticos:
- Ela sempre foi uma profissional crítica da sociedade, que nos abriu a visão sobre o funcionamento das instituições e o papel da história. Colaborou por meio de suas pesquisas para esclarecer temas tão importantes como a história de Caxias, a história da imigração italiana, a história do fascismo. A convivência com Loraine sempre nos estimulou para o mundo das leituras, do conhecimento. Sua atuação na Universidade fez a diferença na formação de historiadores críticos. Sempre lembrarmos da Loraine pela sua influência na nossa formação.
A cerimônia de despedida será nesta sexta-feira, às 11h, no Memorial Crematório São José, em Caxias.