A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) está registrando, no seu braço de distribuição, atrasos na prestação de serviço de ligação em novas economias. Ao ocupar um imóvel que está com a luz desligada, é necessário fazer o pedido de ativação à estatal — justamente o que está apresentando descumprimentos dos prazos legais.
A legislação em vigor determina que a companhia deve atender ao chamado em até cinco dias úteis, conforme resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A CEEE informou, por nota, que está prestando os serviços no sexto dia útil, em média. A situação configura atraso de um dia útil.
Dados da CEEE atualizados até as 20h de terça-feira (15) indicavam 400 pedidos de ligação em atraso na sua área de concessão no Rio Grande do Sul. Somente em Porto Alegre, eram 34 demandas pelo serviço pendentes. O motivo do leve acúmulo é a greve dos servidores da CEEE, deflagrada devido ao descontentamento em relação à negociação do acordo coletivo anual da categoria.
A estatal informou que 30% dos seus servidores aderiram à paralisação, enquanto os demais seguem na ativa por se tratar de serviço essencial, situação em que parâmetros mínimos de funcionamento devem ser observados. Além de equipes próprias, a companhia conta com trabalhadores terceirizados, os quais não estão em greve, que atuam nos serviços de ligação de energia.
“O problema não deve se estender. Já estamos com planos de contingência, mutirões e continuamos negociando com os sindicatos o fim da greve”, afirmou, em nota, a CEEE.
Um dos afetados pela situação foi o empresário Leandro Lemos, do ramo farmacêutico. Junto de sócios, ele irá inaugurar a primeira unidade de uma rede paranaense de farmácias em Porto Alegre e solicitou o serviço de ligação de energia em imóvel da Avenida Independência. Foram sete dias úteis para o atendimento do chamado, dois acima do limite previsto pela Aneel. Antes de ter a demanda finalizada com sucesso, Lemos abriu um primeiro protocolo com a CEEE, que teve de ser cancelado, em função de entraves burocráticos e ausência de informações sobre como deveria proceder para solicitar a carga de energia adequada às características do imóvel. No total, somando os dois pedidos de ligação, transcorreram 45 dias.
— Temos contrato com empreiteiro, que já deveria ter começado, mas estamos com o início da obra atrasado. Não poderíamos começar sem energia elétrica. E tem a questão do aluguel, que já estamos pagando. A principal dificuldade foi acessar a informação sobre como eu deveria fazer o pedido de ligação — comenta Lemos, que teve a energia ativada pela companhia na tarde de terça-feira (15).
A responsável pelas ligações e demais serviços de pulverização de grandes quantidades de energia para os consumidores que estão na ponta é a CEEE-D, parte da companhia que foi privatizada pelo governador Eduardo Leite. A vencedora da concorrência foi a Equatorial Energia. A direção da estatal disse, via nota, que a Equatorial deverá assumir a operação da CEEE-D no início de julho, mas ainda não há data oficializada.
A reportagem contatou o Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), mas não houve retorno até a publicação.