A prefeitura de Lajeado, no Vale do Taquari, emitiu uma nota, nesta terça-feira (14), sobre a fala da engenheira hidróloga Andrea Germano, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que repassa informações sobre o nível do Rio Taquari à prefeitura do município.
Na segunda-feira (12), em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o prefeito da cidade afirmou que o sistema havia falhado. Na manhã desta terça, em resposta a isso, a engenheira contestou, no mesmo programa da Rádio Gaúcha, a declaração, afirmando que os boletins com a previsão de cheias no rio foram enviadas mais de 30 vezes às autoridades da Defesa Civil de Lajeado.
A chuva registrada na última quinta-feira (9) em Lajeado foi a maior dos últimos 64 anos, de acordo com a prefeitura, e fez com que famílias tivessem que deixar suas casas.
Em nota, a prefeitura afirmou que "que nunca negou o envio de informações, mas sim que o sistema havia falhado na coleta e publicação" dos dados.
"Houve falha na manhã do dia 08/07 (quarta-feira), mais precisamente nas leituras das 8h e 9h, e também nas informações da madrugada no dia 09/07 (quinta-feira), o pior momento da cheia, quando o sistema chegou a informar que o rio havia alcançado mais de 28 metros na madrugada. As informações foram corrigidas pelo menos duas vezes no início da manhã do dia 09", argumenta o Executivo.
A administração local também afirma que os boletins mencionados pela engenheira, enviados à prefeitura, "apresentavam previsões que se mostraram com grande margem de erro em diversos momentos entre os valores previstos e ocorridos".
Conforme a prefeitura, em um boletim enviado no dia 7, segunda-feira, às 19h, quando o rio estava em 15,43m, a CPRM estimava que, dentro de 12 horas, o nível do rio deveria atingir valores entre 17 e 18m. No entanto, segundo o Executivo, às 7h do dia 8, terça, o rio alcançou o nível de 23,03m.
"Ou seja, se o município tivesse confiado nos dados disponibilizados pela CPRM, não teria sido necessário retirar ninguém de casa, já que a cota de inundação, de 19,80m, não teria sido atingida. Foi um erro de mais de 5 metros em um momento crítico em que a maior parte das casas seria atingida", afirma a prefeitura.
"Mas, de forma preventiva e acertada, a Defesa Civil municipal agiu cedo e começou a retirar famílias de suas residências a partir das 18h do dia 07/07, o que permitiu que evitou perdas e prejuízos a dezenas de famílias", complementa.
No texto, a prefeitura afirma que "reconhece a importância do sistema de monitoramento", mas que considera que são "necessários aprimoramentos", como a ampliação do número de estações de monitoramento ao longo da bacia hidrográfica. "Além disso, como ficou demonstrado, as previsões devem ser melhor calibradas para reduzir os erros, ampliar a precisão dos dados e, assim, se tornar uma fonte confiável de informação", argumenta.
O município afirma que está em tratativas com os órgãos estaduais e federais responsáveis para buscar melhorias para toda a região, para que os moradores de Lajeado e dos demais municípios do Vale do Taquari possam "melhor prever as respostas a eventos deste tipo".
"Em um evento de enchente, o sistema de monitoramento é um elemento relevante, mas que não substitui os serviços, a experiência dos servidores públicos conhecedores da situação, as equipes que ficaram em tempo integral à disposição das famílias para remoção, mesmo durante a madrugada, e o acompanhamento das famílias que foram desalojadas. Em razão deste conjunto de fatores, a maior enchente dos últimos 64 anos ocorreu sem óbitos nem feridos em Lajeado", finaliza a pasta.