A falta de chuva generalizada leva o Rio Grande do Sul a enfrentar a estiagem mais severa desde 2012. Neste ano, todas as regiões do Estado registram acumulados de chuva abaixo da média histórica. A situação já fez com que 364 municípios decretassem emergência, segundo dados da Defesa Civil até a sexta-feira (8).
Por mais que os rios estejam com profundidade reduzida e açudes e barragens permaneçam praticamente secos em diferentes pontos do território gaúcho, conforme indicam os relatórios da sala de situação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, meteorologistas explicam que não há nenhum fenômeno atípico que justifique a estiagem. Em 2012, por exemplo, o La Niña contribuiu para o quadro de tempo seco.
— Este é um ano neutro. O que está acontecendo é que as frentes frias vindas da bacia do Rio da Prata (entre Argentina e Uruguai), que trazem a chuva, não estão conseguindo avançar muito pelo Estado. Esse é um fator que pode ter influenciado no prolongamento da estiagem — explica Letícia de Oliveira, meteorologista do Inmet.
Nesse sentido, a chuva no Rio Grande do Sul desde o final de 2019 vêm acontecendo de forma irregular. Ou seja, cada curto período de precipitação tem sido acompanhado de semanas de clima seco.
— As frentes frias tentavam passar pelo Estado, mas eram barradas por uma grande massa de ar seco. Elas passavam mais perto do mar e não conseguiam deixar a chuva. Ao chegar, pelo litoral, ao sudeste do país, essas frentes frias se conectavam com a umidade da Amazônia e mantinham a chuva lá, no Centro-Oeste e no Nordeste. Por isso choveu tanto nessas regiões e não aqui — complementa Cátia Valente, meteorologista da Somar Meteorologia.