A estiagem que atinge o Estado causa problemas também para habitantes de regiões distantes no Interior. O município de Cerro Grande do Sul, no sul do Estado, recebeu da Defesa Civil neste final de semana três reservatórios d'água para abastecer comunidades da área rural que estão sob racionamento.
Os reservatórios são de lona, chamados de Viniliq Pipa. São estruturas dobráveis, abastecidas na área urbana, depois colocadas sobre caminhões ou caminhonetes de prefeituras para que sejam levadas até a região desabastecida. Até esta segunda-feira (6), 32 dos 42 disponíveis pela Defesa Civil já haviam sido emprestados para 22 cidades.
Em Cerro Grande do Sul, a situação é mais complicada no distrito de Garambeu. O local, que fica distante seis quilômetros da área urbana por meio de uma estrada de chão, está com o abastecimento de água ocorrendo somente em alguns horários. A estimativa do prefeito, Sérgio Silveira da Costa (PMDB), é de que apenas 30% do sistema esteja funcionando:
— A situação é muito complicada. A água é aberta de manhã, das 6h30min até as 9h, e depois fechada. Só é novamente aberta às 17h, dentro do que acumulou, e tem acabado muito rapidamente.
De acordo com o chefe do Executivo, desde sábado, cerca de 10 mil litros de água têm sido enviados da região central para o distrito, que tem aproximadamente 400 moradores. Ainda segundo Costa, a falta de água também afeta a principal cultura plantada: o fumo. Ele estima que 50% da produção tenha sido perdido por causa da pouca chuva.
— É muito dinheiro que perdemos. Somos dependentes do fumo. 95% de Cerro Grande se alimenta com a receita do fumo – disse o prefeito, garantindo que irá editar decreto para agilizar o recebimento de verbas.
Outra cidade que recentemente solicitou o reservatório foi Rio Pardo, em dezembro, em função da estiagem no Estado. Duas outras cidades já decretaram situação de emergência: Chuvisca e Camaquã. E o município de Maquiné já iniciou as tratativas no sistema de desastres da Defesa Civil.
Em Venâncio Aires, o prefeito assegura que irá declarar emergência. Giovane Wickert (PSB) estima perda de R$ 31 milhões em plantações de fumo.
A Corsan garante que o abastecimento de água está normalizado no Estado, apesar dos mananciais estarem baixos. A companhia informa que pode haver eventuais problemas "por alguma ocorrência operacional, tais como vazamentos de redes ou falta de energia elétrica". Em nota, também recomenda que "a população utilize a água de forma consciente, evitando desperdícios tais como lavagem de calçadas e regas abundantes de jardins e gramas".
Nível dos rios da Região Metropolitana
Dois importantes rios passaram a ser monitorados com mais rigor entre o final de 2019 e o início de 2020, em função da pouca chuva: o Gravataí e o Sinos.
No caso do Rio Gravataí, o presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMMA), Luiz Zaffalon, informou que o nível da água está baixo para o mês de janeiro, mas ainda dentro da margem de segurança. No último sábado (4), a medição das autoridades apontava 63 centímetros, enquanto o ponto considerado crítico é 51.
— O rio vem retomando seu nível nos últimos dias. Além disso, os arrozeiros pararam de retirar água do Gravataí, porque já estão com as lavouras cheias, o que também é um alívio — declara Zaffalon.
No Rio dos Sinos, o diretor-geral do Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae), Nestor Schwertner, declarou que o nível da água é considerado confortável:
— Hoje, está em 1m60cm, nível considerado bom. No pior período, na véspera do Natal, estava em 1m10cm. Não há risco para o abastecimento.