O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) entrará 2020 com uma mudança que vai marcar história. Pela primeira vez, desde 1966 — quando a entidade foi juridicamente organizada —, ela será presidida por uma mulher. A professora aposentada Elenir Winck, 61 anos, de Panambi, e a administradora de empresas Gilda Galeazzi, 64 anos, de Passo Fundo, concorrem ao cargo. Elenir já havia se candidato no ano passado.
Em 53 anos, 20 presidentes passaram pelo movimento, sendo que alguns permaneceram no cargo por mais de um mandato, todos homens. As eleições ocorrem na Assembleia Geral Eletiva, durante o 68º Congresso Tradicionalista Gaúcho, nos dias 10, 11 e 12 de janeiro, em Lajeado. No Congresso, além da Assembleia Geral Eletiva, são tratados temas sobre o MTG, sobretudo, debates teóricos e organizacionais da entidade.
Como funciona a eleição?
Quem vota são os delegados eleitores. Cada entidade filiada encaminha seu(s) delegado(s) eleitor(es), existindo um delegado para cada entidade parcial e entidade especial e dois para cada entidade plena. Geralmente, os patrões das entidades são os delegados eleitores, mas, na ausência deles, a entidade designa o(s) seu(s) eleitor(es). Os votos são destinados para uma chapa de candidatos a membros do Conselho Diretor. Cada uma das chapas é liderada por um candidato à Presidente do Conselho. Ganha a chapa que obtiver a maioria simples dos votos.
Conheça as candidatas
/// Elenir de Fatima Dill Winck, 61 anos
Profissão: Professora aposentada
Mora em: Panambi
Região Tradicionalista: 9ª RT
Como e quando ingressou no movimento tradicionalista? Começamos a fazer parte com a construção de nossa entidade, que é o CTG Tropeiro Velho, de Panambi, em 16 de agosto de 1973. Sendo que quando crianças, aprendíamos a declamar e cantar na escola. Fui eleita primeira prenda na escola, por fazer essas atividades.
Por que deseja ser presidente do MTG? Em primeiro lugar, por amar o nosso movimento, por ter experiência em diversos cargos dentro da instituição, o que me faz conhecer as necessidades de cada área e o que é possível ser aprimorado, primando sempre pela honestidade, pela ética, pelos regulamentos e pelas resoluções de cada tradicionalista, afinal, todas as decisões e os rumos do tradicionalismo são tomados coletivamente.
Quais são suas propostas de trabalho? Enquanto equipe, mantemos nossos objetivos e metas já apontados para 2018, pois entendemos que precisamos iniciar da base, sendo que apontamos três princípios importantes: administração pautada na gestão democrática; o que for decidido, combinado ou ajustado será efetivamente cumprido; cada instância do Movimento será valorizada e respeitada.
Nossas propostas são muitas e muitas ainda virão conforme o trabalho de nossa ouvidoria, que ouvirá todas as entidades das 30 regiões tradicionalistas. As demais propostas podem ser analisadas em nossa página "De Coração pela Tradição" nas redes sociais.
/// Gilda Galeazzi, 64 anos
Profissão: Administradora de empresas
Mora em: Passo Fundo
Região Tradicionalista: 7ª RT
Como e quando ingressou no movimento tradicionalista? Ingressei no movimento há mais de 50 anos, quando menina, levada aos galpões pelos meus pais. Meu marido Carlos Mello me incentivou, também. Ele foi vice-presidente do MTG, quando da construção da atual sede da entidade.
Por que deseja ser presidente do MTG? Entendo que, depois de 19 anos dedicados a coordenar a 7ª RT (Região Tradicionalista), tenho credenciais para ser a primeira mulher a administrar o MTG, com a missão de torná-lo mais propositivo e menos impositivo para os tradicionalistas gaúchos. Queremos que o MTG seja das entidades associadas, das entidades que o fazem.
Quais são suas propostas de trabalho? A equipe #Gilda2020 entende que são urgentes ações para democratizar e garantir mais transparência a todas as modalidades da área artística. Para isso, será realizado um fórum. Uma questão a ser examinada é a possibilidade de se criar um regramento paralelo e mais brando, para permitir a participação de novos concorrentes nas competições. Aos mais experientes, buscar esclarecer, com profundidade, todos os critérios de avaliação, de modo que uma entidade não seja penalizada por desconhecer alguma norma. Também será estimulada a inclusão social, através de capacitação e criação de um departamento. No ENART, a meta é evitar que o contexto histórico, regionalismos e nossa riqueza cultural sejam reduzidas a uma única forma de entendimento.
Assim como na artística, um fórum por região irá debater assuntos importantes para o bom andamento dos rodeios e atividades ligadas ao cavalo e as lidas de campo. Também queremos mais proximidade com os gaúchos ligados ao campo. A inclusão também será trabalhada, bem como as cavalgadas, através do fortalecimento da Ordem dos Cavaleiros do Rio Grande do Sul (ORCAV). Uma das prioridades será dar maior visibilidade à cerimônia de Acendimento da Chama Crioula e às cavalgadas que fazem a sua condução.
Quanto aos esportes campeiros, haverá oficinas em todo o Estado. Nos Festejos Farroupilhas, vamos respeitar também aqueles que somente nessa época colocam a pilcha. Vamos entender que nem podem ou usam nossa indumentária o ano todo e nem por isso são menos ou mais gaúchos. Proporemos o respeito às normas, mas a conduta de cada um é cada um quem faz.