SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Diversas ONGs que lutam pela defesa do meio ambiente reagiram ao discurso agressivo do presidente Jair Bolsonaro nesta terça (24), na 74ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
"A fala do presidente sobre meio ambiente foi uma farsa. Bolsonaro tentou convencer o mundo de que protege a Amazônia, quando, na verdade, promove o desmonte da área socioambiental, negocia terras indígenas com mineradoras estrangeiras e enfraquece o combate ao crime florestal", disse Marcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace.
Em seu discurso para os 192 países membros da ONU, o presidente insistiu na ideia de que a crise da Amazônia é contaminada por interesses econômicos estrangeiros, além de negar as recentes queimadas na floresta, embora ele mesmo tenha enviado tropas militares para ajudar a combater o fogo.
"Sob sua gestão, as queimadas, o desmatamento e a violência aumentaram de forma escandalosa. Para a floresta e seus povos, Bolsonaro é um problema, não a solução", completou Astrini.
Para a WWF-Brasil, o discurso de Bolsonaro foi contra o espírito de colaboração da ONU, acentuando o "divisionismo e a polarização, apontando inimigos imaginários e deixando de reconhecer problemas urgentes do Brasil, bem como sua responsabilidade, como presidente, para solucioná-los".
A ONG afirma que dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) demonstram tendência de aumento no desmatamento da Amazônia e de incêndios na região. "É uma pena que este governo não compreenda a importância de acabar com o desmatamento no país para proteger o futuro inclusive de nossa agricultura, que hoje alimenta o mundo e depende da chuva enviada pela Floresta Amazônica para existir e seguir", critica.
Além disso, a WWF-Brasil também lamentou o fato de Bolsonaro não ter mencionado o Acordo de Paris nem ter demonstrado preocupação com a questão climática.
Já o Observatório do Clima chamou o discurso de Bolsonaro de "ecocídio", afirmando que o presidente "envergonhou o Brasil no exterior ao abdicar da tradicional liderança do país na área ambiental em nome de sua ideologia".
A ONG também enfocou o aspecto negativo. Bolsonaro não teria tomado atitudes para tranquilizar investidores, "nem para aplacar o clamor crescente por boicote a produtos brasileiros", o que colocaria em risco o próprio agronegócio que o mandatário diz defender.
A delegação brasileira levou ao plenário a índia Ysani Kalapalo, criticada por organizações por não representar as comunidades nacionais. Bolsonaro rebateu com uma carta de um grupo de agricultores indígenas e acusou estrangeiros de cobiçarem a floresta por interesse econômico.