SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Justiça, Sergio Moro, tornou-se alvo de críticas no Twitter após ter afirmado nesta quarta-feira (7) que os homens recorrem à violência por se sentirem intimidados pelas mulheres.
"Talvez nós, homens, nos sintamos intimidados. Talvez nós, homens, percebamos que o mundo está mudando e, por conta dessa intimidação, infelizmente, por vezes, recorremos à violência para afirmar uma pretensa superioridade que não mais existe", disse.
A declaração foi feita durante a cerimônia de assinatura do Pacto para Implementação de Políticas Públicas de Prevenção e Combate à Violência contra as Mulheres, marcando os 13 anos da Lei Maria da Penha, e reproduzida em sua conta na rede social.
Usuários se indignaram. "Coitadinho do homem né??? Se sente intimidado e por isso mata mulheres", escreveu uma usuária.
"Não. Machistas agridem mulheres e isto não é de hoje e não é pelo fato do crescente papel da mulher na sociedade. Minha mãe há 30 anos atrás já era agredida pelo meu pai", disse outro. "Violência contra mulheres não tem justificativa", afirmou outro usuário da rede.
A ideia de que o uso da violência é uma forma de o homem demonstrar poder e superioridade diante do ganho de espaço na sociedade por mulheres é defendida por especialistas no Brasil e fora.
Durante o mesmo discurso, Moro afirmou que são necessárias políticas de proteção às mulheres porque elas são fortes, não vulneráveis.
"No início a gente pensava que era necessário políticas de proteção às mulheres porque elas são vulneráveis. Mas isso não é correto, isso não é verdadeiro. É o contrário. Nós precisamos de políticas de proteção de mulheres porque elas são fortes, elas estão em maior número", disse.
"Nós, homens, temos que reconhecer que, em geral, elas são melhores do que os homens. Talvez porque as mulheres são em maior número, porque as mulheres são em geral melhores."
Assinaram o documento, além de Moro e da ministra Damares Alves, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, entre integrantes de outros órgãos.
Entre os objetivos do pacto, estão a proposição de políticas de geração de renda para vítimas de agressão, desenvolvimento de programas educativos de prevenção à violência contra a mulher e ressocialização de agressores e elaboração de protocolos de atendimento das vítimas para os agentes de segurança pública.
De acordo com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Ligue 180, central de atendimento às vítimas de violência, recebeu 46.510 denúncias de violações contra mulheres nos primeiros seis meses deste ano, aumento de 10,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Durante todo o ano de 2019, foram 92.663 denúncias. Os dados foram divulgados nesta terça (6).