Correção: o número de mortos é de 11 pessoas, e não 12, conforme informado entre as 17h44min e as 23h desta quarta-feira (24). O texto está atualizado.
Pelo menos 11 pessoas morreram em deslizamentos após as fortes chuvas que atingiram a região metropolitana do Recife entre a noite de terça-feira (23) e a madrugada desta quarta (24).
São três mortos no Recife, quatro em Olinda e mais quatro no bairro Caetés, na cidade de Abreu e Lima. O governo pernambucano divulgou inicialmente 12 mortos, mas corrigiu para 11 corpos localizados. Até o início da noite, após 15 horas de deslizamento, ainda era procurada uma mulher de 21 anos, grávida de oito meses.
Em Caetés, apenas uma vítima foi socorrida da casa onde havia cinco familiares em meio aos escombros. A mãe Ariana Teresa Xavier, 39, estava em estado grave em um hospital até o início da noite. Ela perdeu filhos e o marido no deslizamento do muro de arrimo durante a madrugada.
O temporal ainda deixou as principais avenidas de Recife e bairros inteiros alagados, derrubou encostas e árvores, causando transtornos para a população da cidade e região metropolitana durante todo o dia.
Também foram registrados deslizamentos em Jaboatão dos Guararapes, sem vítimas, mas famílias ficaram desabrigadas.
Segundo balanço parcial da Defesa Civil do Recife, foram registrados 101 milímetros de chuvas num período de seis horas. O volume corresponde a oito dias de chuva, segundo a média histórica para o mês de julho, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Família soterrada
Sete pessoas da mesma família, sendo uma delas uma criança de dois anos, ficaram soterradas por cerca de meia hora depois que a casa onde estavam desmoronou em deslizamento de terra no bairro de Nova Descoberta, na zona Norte de Recife.
Vizinhos conseguiram resgatar todos com vida por volta das 4h30 desta quarta. Quatro das vítimas com ferimentos foram socorridos - dois deles, atendidos na UPA.
Luana Vitória Lima do Nascimento e a filha Carla Maria do Nascimento permaneciam no Hospital da Restauração até o fim da tarde - vizinhos, em contato com elas, dizem que as duas estão bem, em observação.
Moradores afirmam saber que a área apresenta perigo.
— Eles sabem do risco, mas não têm outra opção. Já vi muita tragédia aqui, na década de 90 morreram 11 — diz a moradora Katia Cristina Gomes.
A vizinha Rosecleide Maria da Silva conta que ouviu o barulho da barreira caindo em cima da casa e os gritos de socorro por volta das 4h.
— Os bombeiros só chegaram depois de tudo.
O marido dela foi um dos que ajudaram a socorrer. Mizani Viana morava na casa do lado da que foi soterrada e está abrigada em uma vizinha próxima porque o imóvel dela corre risco de cair.
— Comprei a casa por R$ 30 mil há um mês, não sabia que tinha esse risco, não falaram das mortes que tiveram no passado.
Cinco mortos
Uma das situações mais críticas é a do bairro Caeté, na cidade de Abreu e Lima, no grande Recife. Ao menos três casas foram soterradas. A lama chega à altura do joelho.
Bombeiros e dezenas de moradores usavam baldes para remover uma imensa quantidade de terra e resgatar o corpo da jovem grávida, em uma força tarefa que continuava debaixo de chuva e no escuro após mais de 12 horas. Moradores levaram caixas de isopores com marmitas no meio da lama para distribuir na comunidade que dá suporte aos resgastes. Escavadeiras e cães farejadoras também ajudavam nas buscas, mas até o fim desta edição não tinham encontrado.
— Eu encontrei a moça de 18 anos de cabeça para baixo. Ela foi levada para o hospital mas infelizmente não sobreviveu — disse o morador Carlos Henrique Carvalho.
Em um dos imóveis soterrados, morreu um homem de 53 anos, no outro não havia ninguém e, no terceiro, a família de Ariana. O filho mais velho dela era único que não estava na casa no momento da tragédia. Ele esteve de manhã no local e passou mal ao ver os resgates dos familiares.
O marido da grávida ainda desaparecida, Breno Jose da Silva, acompanhava o resgate muito abalado. Eles moram há um ano em Itamaracá, no litoral.
— Estávamos felizes com a chegada do nosso filho (Brendon) — disse Silva.
Temporal enche rio, arrasta porcos e leva jacaré para rua no Grande Recife
As chuvas registradas na madrugada desta quarta-feira (24) em Recife elevaram o nível do rio Beberibe, no bairro da Campina do Barreto, na zona norte, arrastando porcos pela correnteza.
Os animais se equilibravam em cima de uma estrutura com lixos. A cena foi filmada por moradores da região e compartilhada pelas redes sociais na manhã desta quarta.
Já no bairro Prado, na zona oeste da capital pernambucana, as filmagens foram de um jacaré de cerca de um metro e meio andando pela rua Manoel de Arruda Câmara.
Antes que alguém se ferisse, moradores amarraram o réptil em um poste até a chegada da policia ambiental no meio da manhã.
